Da população estimada de 2,8 milhões de habitantes, pelo menos, 6% recebem auxílio em todo o Estado
Em 11% dos municípios de Mato Grosso do Sul o número de beneficiários do Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família, é maior que de empregados formais, ou seja, das 79 cidades, em 9 ocorre a situação. São elas: Coronel Sapucaia, Dois Irmãos do Buriti, Japorã, Juti, Ladário, Miranda, Nioaque, Paranhos e Tacuru. Ao todo são 16,6 mil pessoas que recebem o benefício contra 8.757 trabalhadores formais.
Os dados são do mês de março deste ano, do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No Estado, o número total de beneficiários do programa [176.105] representava 6% dos 2,8 milhões de habitantes, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já em relação ao número de trabalhadores formais, o Estado somou 579,1 mil. Na Capital, Campo Grande, havia 216,2 mil trabalhadores com carteira assinada e 48.372 famílias que receberam parcela do Auxílio Brasil naquele mês.
A cidade de Japorã, distante 467 quilômetros da Capital, é a com maior desequilíbrio no Estado, onde 1.410 famílias receberam parcela do programa em março, ao passo que o estoque de carteiras de trabalho assinadas no município era de apenas 115 no mesmo mês. Já Miranda, a 194 quilômetros de Campo Grande, apresenta a menor diferença, no entanto, o número de beneficiários é de 3.651 e de trabalhadores formais é de 3.413.
Em Paranhos, cidade que fica a 462 quilômetros de Campo Grande, são 483 empregados formais perante 1.779 beneficiários do Auxílio Brasil, quase quatro vezes o número de trabalhadores com carteira assinada em março deste ano. Entretanto, o secretário de Administração, Aldinar Ramos Dias, salientou que é preciso levar em conta o número de aldeias no município e ainda o número de empregados informais.
“O nosso município possui 6 aldeias indígenas, onde residem 1.586 famílias, um total de 5.317 pessoas, onde o benefício Auxílio Brasil é mais aplicado. Em relação aos trabalhos formais, a pesquisa não reflete a realidade, pois muitos trabalhadores estão na informalidade, trabalham na agricultura em fazendas de brasileiros no Paraguai, além de muitos que trabalham na construção civil por empreita ou diárias”, explicou.
Conforme o economista Holger Heimbach, a situação pode ser explicada levando em conta que os municípios com menor desenvolvimento econômico tendem a ter menor disponibilidade de empregos formais, expondo mais famílias às condições de pobreza ou extrema pobreza. Essa condição faz com que muitos trabalhadores recorram a empregos informais como forma de gerar renda e sustentar a família, além dos benefícios sociais.
“Não surpreende que municípios com menor quantidade de empregos formais tenham elevado número de beneficiários do programa Auxílio Brasil visto que o programa foi concebido justamente para melhorar as condições de vida dessa população”, ressalta.
Outra cidade que também integrou a lista foi Juti, município distante 316 quilômetros da Capital, e segundo os dados do Caged eram 854 beneficiários do Auxílio Brasil para 529 empregados formais. A secretária de Assistência Social, Cleuza Cavalcante da Silva, destacou que a prefeitura tem buscado todos os meios para melhorar a situação trabalhista de Juti. Ela afirmou ainda que o município conta com duas aldeias.
“Além das aldeias, temos muitos trabalhos informais e tem outros dois fatores que ajudaram neste número de março, a usina que contrata muitas pessoas em Caarapó fez dispensa no fim do ano e um frigorífico fechou, mas, desde o mês passado, abril, a usina voltou a contratar e as últimas informações são de que o frigorífico voltará a funcionar em breve”, esclareceu.
Brasil
No Brasil, dos 5.570 municípios, em 2.892 [51,92%] o número de beneficiários do Auxílio Brasil é superior ao total de empregados com carteira assinada. Ao todo, o país tinha um estoque de 41,2 milhões de empregos formais naquele mês, ao passo que o total de famílias que recebeu uma parcela do programa de distribuição de renda foi de 18 milhões.
Os municípios do Norte e Nordeste do Brasil se destacam. Em 1.695 das 1.794 cidades nordestinas o número de pessoas que receberam o benefício é maior que o total de empregados formais, correspondendo a 94,5% dos municípios. No Norte, esse índice é de 83,5%, com 376 das 450 cidades nessa situação. As regiões Norte e Nordeste, juntas, concentraram 76,3% dos beneficiários do programa em março.
Na Região Sudeste, o total de famílias inscritas no programa supera o número de empregos formais em 533 dos 1.668 municípios (32%). No Centro-Oeste, são 132 das 467 cidades (28,3%). No Sul, 156 de 1.191 (13,1%). Vale ressaltar ainda que, na última quinta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a medida provisória aprovada no Congresso que estabelece piso permanente de R$ 400 para o Auxílio Brasil.
Texto: Rafaela Alves e Camila Farias – Jornal O Estado MS
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