O requerimento de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa contra a Energisa, foi apresentado nesta quarta-feira (06), pelo deputado Felipe Orro (PSDB). No momento em que a matéria foi lida, já haviam sido recolhidas 11 assinaturas e até o final da sessão, o número aumentou para 19. O principal argumento para a abertura da investigação é relacionado à medição do relógio da empresa que indica o consumo. Para ser instaurada, o pedido de criação da Comissão deverá ser aprovado pelo presidente da Casa, Paulo Corrêa (PSDB).
O grande volume de assinaturas foi justificado pelos parlamentares pela presença de um fato concreto, aspecto mais criticado na matéria de Capitão Contar (PSL). Segundo Felipe Orro, as evidências e reclamações têm sido coletadas por ele desde abril e no documento apresentado, o fato determinante é um laudo emitido por uma empresa de energia elétrica, que comprova erro nos relógios.
“Todos os deputados sabiam, eu estou desde abril, reunindo provas e documentos. Tenho um laudo de uma empresa que colocou um relógio em uma propriedade de Campo Grande, fez uma medição paralela e encontrou registro diferente no relógio da Energisa”, detalhou Orro sobre o fato apresentado em seu requerimento.
Pedro Kemp (PT) lembrou que já participou de duas CPIs da Casa contra a antiga Enersul, das quais apenas uma deu certo, e afirmou que este documento tem mais informações e um fato determinado, medidas que possibilitam uma investigação séria. Ele também caracterizou o pedido anterior como “genérico” e utilizado com os objetivos errados. “Eu acho que antes de a gente ficar fazendo política em cima, jogando deputado contra deputado, isso não contribui. A gente tem que fazer um trabalho sério”, defendeu.
A repercussão gerada pela solicitação de Contar também contribuiu para a redução de assinaturas em seu documento e aumento na documentação do parlamentar tucano. Cabo Almi (PT), João Henrique (PL), Neno Razuk (PTB) e Evander Vendramini (PP) criticaram os desdobramentos do caso na internet, gerados pelo próprio PSL, com o convite à mobilização popular contra os parlamentares e o vídeo do deputado federal Loester Trutis (PSL). “Eu acho que não tem que ter paternidade de CPI”, declarou João Henrique.
“Percebeu-se uma questão de parte do PSL querer se autopromover em cima de uma CPI. A gente viu isso nas redes sociais. A nossa preocupação é que tenha as investigações, realmente, para poder apurar”, ressaltou Vendramini.
Barbosinha (DEM), que havia declarado necessidade de análise detalhada da solicitação de CPI, também assinou o documento. Ele relatou que apoiaria a definição de Capitão Contar como relator da Comissão, devido ao interesse demonstrado nas investigações. “Eu sou defensor de que o Felipe, que é o propositor, seja presidente e o Contar seja relator da CPI. A minha preocupação é com o resultado”, afirmou.
Marçal Filho (PSDB) afirmou que solicitará à CPI que seja convidado para consultoria, o mesmo advogado que está participando das investigações em Rondônia. De acordo com ele, este profissional é especialista na área e poderia explicar tecnicamente os fatos encontrados.
Laudo
A comparação dos relógios e emissão do laudo foram realizadas pela empresa Engesistem. Segundo o resultado da análise, o medidor da Energisa estaria visualmente fora da “Classe de Exatidão” e teria apresentado falha grave de registro, porém, sem possibilidade de indicação do desvio padrão.
(Texto: Julia Renó)