Trazendo “A Chinesa” de Godard, a produtora de eventos independentes Árvore-Ser (com o apoio do Museu da Imagem e do Som) apresenta o “Cinema de Raiz”, para amantes (ou não ainda) da sétima arte, para também discutir ou não discutir.
Ambientando o filme, que se passa no verão parisiense, tentavam aplicar os princípios que romperam com a burguesia da URSS e dos partidos comunistas ocidentais em nome de Mao Tse Tung. Imersos no pensamento de Mao e em literatura comunista, um grupo de estudantes franceses começa a questionar a sua posição no mundo e as possibilidades de o mudar, mesmo que isso signifique considerar o terrorismo como uma via possível.
“Quis colocar um filme do Godard porque ele foi lançado em meio aos movimentos estudantis de 68 na França e eu sei que assisti novamente uma espécie de biografia da época em que Godard lançou esse filme e ele lançou justamente com o intuito de fazer parte do movimento e conscientizar um pessoal mais jovem, atingir um público novo e mostrar que ele estava dentro das rebeliões”, responde a curadora do projeto Marianny Nantes.
Trazendo no enredo Veronique (Anne Wiazemsky), uma estudante francesa de filosofia resolve formar grupo com mais quatro amigos da universidade para debater temas políticos e sociais. Os jovens se cansam de teorizar e decidem partir para medidas mais extremas contra o que eles consideram injusto.
“Percebi que era um filme importante de colocar na exposição agora, porque muitas pessoas não assistiram além de ele ser importante se você quer aprender sobre movimentação e também sobre a importância de você tomar atitude em movimentos e sobre a literatura para a conscientização das pessoas”, aponta Marianny.
Marianny ressalta ainda a ligação que essa obra – produzida na França ainda na década de 60 – estabelece com a linha de raciocínio que vem sendo tecida política e socialmente no nosso país. “Acho importante colocar esse filme hoje em dia porquê além de ser muito e bom e um de arte dele (Godard), ele dialoga bastante com o que tem acontecido ultimamente, principalmente porque temos visto muitos estudantes envolvidos com greves e movimentos, luta por resistência principalmente em relação aos governos. E também fala bastante sobre comunismo, e é um assunto que está bastante em alta nas pautas atualmente”.
Convidando o público para a exibição, Marianny finaliza: “ele pode ser um filme talvez um pouco difícil, ou um pouco lado b, e o intuito do Cinema de Raiz como cineclube é tentar trazer um pouco do lado b. Será nosso primeiro filme Europeu e para todo mundo que mesmo não tenha tido contato com algum filme do Godard é importante assistir, porque além de ser uma excelente obra de arte e ter várias interpretações, ele pode ser um ótimo entretenimento ou uma ótima forma de começar uma espécie de resistência, principalmente onde moramos”. (Leo Ribeiro)
SERVIÇO: Com entrada gratuita, “A Chinesa” será exibido nessa terça-feira, às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som de MS, que fica localizado na Av. Fernando Corrêa da Costa, 559. (Leo Ribeiro)