Frentes ideológicas foram divididas em dois períodos para evitar confrontos
Se depender somente da divulgação e dos chamamentos de movimentos políticos de Campo Grande, as ruas do Centro ficarão tomadas por centenas de manifestantes em 7 de setembro, Dia da Independência. Para evitar confronto, os horários e as localizações dos grupos com frentes ideológicas diferentes foram divididos em dois períodos. Os bolsonaristas protestam de manhã e as frentes de esquerda, à tarde.
Os movimentos conservadores têm em pauta o apoio total ao presidente Jair Bolsonaro e contra os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), com a justificativa de que a liberdade de expressão e opinião estão sendo tolhidas. Eles alegam perseguição e que o STF persegue líderes ligados ao presidente ao passo que tomam decisões com que os bolsonaristas não concordam.
A movimentação começa logo no início da manhã e, segundo o vereador Sandro Benites (Patriota), às 8h na Praça do Rádio Clube haverá presença de caminhoneiros, às 8h30 chegam ciclistas e às 9h começa a caminhada com carreata. Às 9h30 é programado que o pessoal do Clube de Laço passe com cavalos na Avenida Afonso Pena.
“Viveremos a maior manifestação da história e o movimento será pacífico e ordeiro”, disse Sandro, que também reforçou que às 10h dezenas de pastores evangélicos vão orar pelo país durante o evento.
O vereador Coronel Alírio Villasanti (PSL) também participa. “Lutaremos em defesa dos princípios cristãos, da família e, principalmente, pela defesa dos valores democráticos. Os homens de bem precisam se unir para levar o Brasil pra frente!”
O deputado estadual Capitão Contar (PSL) organiza a Motociata da Independência, com concentração a partir das 8h45, e saída às 9h do Yotedy, localizado na Rua Antônio Maria Coelho, 6.200. A motociata irá percorrer e prestigiar a carreata, que também estará acontecendo ao mesmo tempo. O percurso será de 20 km e irá percorrer o Parque dos Poderes, Afonso Pena, Base Aérea, retornar para os altos da Afonso Pena e dispersar-se às 11h.
O deputado afirma que a movimentação é “pela liberdade dos brasileiros, pela democracia e futuro do Brasi”, e por isso fez um vídeo em inglês voltado para o público internacional. Em trecho do vídeo o deputado diz: “O mundo precisa saber o que está acontecendo. Diferentemente do que falam do Brasil ao mundo, saibam que aqui estamos passando a limpo nossa triste herança política! Estamos indo às ruas neste 7 de setembro para clamar por uma nova independência”.
O deputado Coronel David (sem partido) viaja para Brasília a fim de participar do ato junto a pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro.
Frentes da esquerda
Vários movimentos organizados por minorias, sindicatos, federações de trabalhadores e frentes de esquerda se reúnem às 15h na Praça Ary Coelho, no centro de Campo Grande, com caminhada às 16h até a Rua Antônio Maria Coelho, retornando até a praça.
O vereador Ayrton Araújo, do PT, convocou as famílias e a sociedade em geral para participarem da tradicional marcha pela paz que ocorre no local. O vereador fez questão de salientar que a atividade é pela paz e não pela compra de armas, como tem pregado o presidente Jair Bolsonaro e parte dos seus seguidores.
“O Partido dos Trabalhadores sempre foi e será um defensor da paz, da harmonia e da inclusão social. A marcha pela paz será também em protesto pela falta de ações afirmativas do governo federal e em solidariedade às mais de 580 mil vítimas que perderam a vida para a COVID-19, sendo que a maioria morreu pela falta de vacina em todo do Brasil”, pontuou Ayrton Araújo.
Também acontece na Praça Ary Coelho o “Grito dos Excluídos e das Excluídas”, tradicional marcha de protesto durante o Dia da Independência. Segundo um dos participantes, o presidente do PT, Vladimir Ferreira, o manifesto está sendo organizado por frentes de esquerda em Mato Grosso do Sul como é de praxe. Esse é o 5º ato na Capital.
O presidente da CUT-MS (Central Única dos Trabalhadores de MS), Vilson Gregório, disse que os trabalhadores querem solução para o desemprego e outros problemas que afetam o país. “Vamos participar com caminhada e seguindo as nossas pautas de defesa.
Orientamos a todos que sejam pacíficos e não ouvirem provocações, caso tenha alguém lá neste horário que faça. Acredito que seja tranquilo já que o movimento oposto ocorre na parte da manhã, né. Mas vamos exercer nosso pleno direito de forma tranquila, pedindo paz, respeito e melhorias para o Brasil.”
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) e o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de MS), Jaime Teixeira, também participam no evento. “Defendemos todo e qualquer ato democrático e independente das diferenças de pensamento político”, disse Kemp.
O “Grito dos Excluídos” é um conjunto de manifestações populares que procuram abrir caminhos aos excluídos da sociedade, denunciar os mecanismos sociais de exclusão e propor caminhos alternativos para uma sociedade mais inclusiva. O movimento dá voz a mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+ e muitos outros grupos pertencentes às minorias.
Andrea Cruz
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