Para especialistas, falta de vacina abre porta ao vírus e prejudica imunização da COVID-19

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A falta de vacinas contra a COVID-19 travou o processo de imunização dos campo-grandenses por quatro dias. Com aplicação das doses pausada desde o último sábado (12), infectologistas alertam que a cidade está com mais “portas abertas” ao vírus. “Cada dia de atraso são vidas perdidas, ainda mais no cenário em que estamos, com alta circulação do vírus”, explica a infectologista Mariana Croda.

Segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), o Estado deve receber 70.160 novas doses, 37.400 da CoronaVac e 32.760 da Pfizer. A previsão do Ministério da Saúde é de que o carregamento chegue a Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira (17). O Ministério da Saúde ainda não divulgou a data certa para que os imunizantes AstraZeneca e Janssen desembarquem no Aeroporto de Campo Grande. 

Segundo o infectologista Rodrigo Nascimento Coelho, os dias em que a Capital deixou de imunizar resultam em aumento expressivo nos indicadores. “A barreira para o vírus é a vacina, sem avançar na aplicação de doses, portas ficam abertas para que ele avance e faça cada vez mais alvos, aumentando o número de doentes e de mortos”, analisa. 

Além disso, o especialista considera que as pausas deixam ainda mais distante o objetivo da chamada imunidade de rebanho, com maior número de pessoas imunes e sem transmitir o vírus. 

Para quem viu a vacinação ser interrompida “aos 48 do segundo tempo”, os dias têm sido de ansiedade. Trabalhadora da indústria, Fernanda Leite Cabreira, de 31 anos, viu o imunizante acabar na sua vez. “A empresa em que eu trabalho não estava listada no cadastro de vacinação da prefeitura. Demoraram duas semanas para incluir e, quando inseriram, acabou a vacina”, conta. 

Desde então Fernanda conta que todos os dias entra no site do município para se informar sobre a retomada da aplicação das doses. “Todo dia entro no site pra ver se teve alguma atualização. Estou na expectativa porque quero me vacinar para proteger a mim e a outras pessoas”, finaliza.

Mônica Benites, de 33 anos, também não deu sorte. Quando ganhou autorização para vacinar, ela estava em Palmas visitando a família depois de um irmão ser internado com COVID-19. Quando voltou para Campo Grande na última segunda-feira (14), a imunização foi paralisada. “Fico ansiosa e preocupada. Já esperei tanto por esse momento. Espero de verdade que não demore para reabrir”, relata. 

Nas unidades de saúde a correria em busca de informações também é grande. Segundo profissionais de saúde ouvidos por nossa equipe de reportagem, diariamente os postos são procurados por dezenas de pessoas em busca de novidades sobre a retomada da imunização. “Todo dia vem gente aqui perguntar”, conta o médico de uma Unidade Básica de Saúde.

(Clayton Neves)

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