Angela Villela Olinto trabalha em projetos com a Nasa. Ela é líder no novo campo da área em física de astropartículas e professora da Universidade de Chicago. A brasileira tornou-se membro da Academia Americana de Artes e Ciências. Com este título, Angela fica lado a lado de nomes como Albert Einstein, Martin Luther King, Winston Churchill, Nelson Mandela, Charles Darwin e muitos outros.
Ela também integra a Academia Nacional de Ciências. Ela cedeu entrevista À Revista Exame. Formada em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorada em Física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Angela já fez contribuições teóricas e experimentais sobre astropartículas, incluindo pesquisas sobre o estudo da estrutura das estrelas de nêutrons, teoria inflacionária, origem e evolução dos campos magnéticos cósmicos, natureza da matéria escura e a origem das partículas cósmicas de maior energia, como raios cósmicos, raios gama e neutrinos.
“Na faculdade me interessei por física de partículas e, no doutorado, pela astrofísica. Do pós-doutorado em diante, me dediquei a construir este novo campo que reúne as duas áreas de meu interesse anterior”, conta. A “física das astropartículas”, que são partículas que compõem ou interagem com a matéria, como os núcleos atômicos e os neutrinos, que vêm de fontes astrofísicas distantes do sistema solar.
Fontes da astropartículas
A pesquisadora aponta que as possíveis fontes das astropartículas incluem “buracos negros supermassivos, galáxias com formação intensa de estrelas, estrelas dissociadas por buracos negros e colisões que produzem ondas gravitacionais”. Para ela, estudar as astropartículas proporciona o entendimento sobre as leis fundamentais da natureza.
Junto com a Nasa, Angela Olinto é responsável por pesquisas como do EUSO-SPB (“Observatório espacial do universo em um balão de superpressão”, em português), um balão de alta pressão que viaja numa altitude de 33 quilômetros. Com previsão de voo para 2023, seu objetivo é detectar raios cósmicos de ultra alta energia. Sua equipe internacional é responsável pela futura missão espacial chamada POEMMA (“Sonda dos multi-mensageiros astrofísicos extremos”, em português).
“O projeto foi desenhado pelo meu time internacional de quase 80 investigadores para uma missão dedicada a estudar as astropartículas mais energéticas, os raios cósmicos e neutrinos ultra energéticos, e descobrir as suas fontes e interações”, revela. A missão espacial ocorrerá ainda no final desta década, se aprovada para construção e voo.
incentivo
Para a física de astropartículas, é muito emocionante ser membro das duas academias. “É uma imensa honra ser membro de uma destas duas instituições históricas, as academias mais importantes na ciência nos Estados Unidos. Sou privilegiada por ter seguido perguntas inspiradoras sobre o nosso universo, e ter construído parcerias e colaborações brilhantes no caminho. É uma grande alegria ser reconhecida pelos meus colegas cientistas, especialmente em um ano tão desafiador”, diz Angela Olinto.
Angela Olinto diz que o interesse pelo ramo científico deve ser como dos outros e incentiva as mulheres a ingressar na área. “A beleza da ciência, como da arte, é, ou deveria ser, acessível a todos nós. Se esta beleza te inspirar, não deixe ninguém dizer que não é para mulheres. Leia, estude, aprenda com sinceridade e tenha respeito pela beleza complexa da área que escolher. Seguindo a sua intuição, dedicação e convicção, você pode ir muito longe. Como numa escalada, se focar no caminho a frente, quando chegar no alto pode olhar para trás com orgulho da escalada cumprida.”