O quadro de saúde do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de 41 anos, se tornou irreversível, segundo informação divulgada pelo Hospital Sírio-Libanês na sexta-feira (14).
“O prefeito Bruno Covas segue internado recebendo medicamentos analgésicos e sedativos. O quadro clínico é considerado irreversível pela equipe médica”, diz a nota do hospital, onde o prefeito está internado para o tratamento de um câncer desde o início de maio.
Qualquer medida que se faça, cirurgia, remédios, procedimentos em geral, não vai ter nenhum tipo de resultado. “São quadros em que já não adianta mais a gente investir, tentar fazer algum tipo de tratamento —eles seriam em vão. Independente do que a gente fizer, não vai ser revertido”, diz Elcio Pires Junior, coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro, Rede D’or, de Osasco (SP).
Normalmente esses pacientes acabam ficando mais graves, então os médicos garantem o conforto do paciente por meio de sedação e analgesia, para garantir uma evolução menos sofrível. “Evita-se qualquer tipo de sofrimento ou medidas invasivas, que podem até prorrogar a vida, mas que não chegam a lugar nenhum”, diz Junior.
Nessas situações de cuidados paliativos, a família é convocada para definir qual o nível de cuidado que o paciente irá receber. “Os médicos podem garantir a parte nutricional, para não deixar a pessoa ir a óbito por desnutrição, mas não há mais transferência para a UTI ou, se evoluir para uma parada cardíaca, não se faz reanimação. A gente não tira o tratamento que está sendo feito, mas não acrescenta nada novo. No caso de um paciente que tem alguns meses de vida, ele pode até acabar indo para casa”, diz Freitas.
Quadro não é sinônimo de morte
Os quadros irreversíveis significam que alguma função do organismo não está funcionando e não tem um tratamento possível para isso. Mas isso não significa que o paciente está morto. O óbito é atestado normalmente quando se observa a parada dos batimentos cardíacos e que não há retorno, mesmo com a realização de manobras. Outra situação de morte é quando o cérebro morre e as outras funções ainda ficam ativas, como coração, pulmão, rins.
“Quando detectamos que existe essa condição, ou seja, o paciente não tem uma resposta e o cérebro morreu, há um protocolo de verificação de morte encefálica, exames específicos para isso. Quando é suspeito e confirmado, é confirmado o óbito. Mas na outra situação, quando o coração para de bater, provoca a morte de todos os órgãos, não só o cérebro, porque você não tem suprimento de sangue, e o coração é a base disso”, explica o médico cardiologista.
Freitas diz que em uma morte encefálica, por exemplo, as funções cerebrais são irreversíveis, mas o corpo segue funcionando. A situação de Covas, no entanto, é diferente: a atividade cerebral está funcionando, mas a doença oncológica é irreversível. (Com informações do portal UOL)