O crítico literário e ocupante da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras, Alfredo Bosi, morreu nesta quarta-feira, aos 84 anos, em São Paulo. Segundo amigos, ele já estava debilitado de saúde desde a morte da esposa, a psicóloga Ecléa Bosi, em 2017, e havia contraído Covid-19 nos últimos dias.
Alfredo nasceu em 26 de agosto de 1936 e fez carreira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) com ensino de literatura. Um dos maiores críticos literários do país, focou sua produção em grandes nomes italianos, como Luigi Pirandello e Giacomi Leopardi, e brasileiros, como Machado de Assis, Jorge de Lima, Guimarães Rosa e Cecília Meireles.
Com apenas 30 anos, escreveu uma de suas maiores obras, “História concisa da literatura brasileira”. Também é de sua autoria “Dialética da colonização”, “Machado de Assis: o enigma do olhar”, “Brás Cubas em três dimensões” e mais de uma dezena de livros, fora colaborações e organizações. Sua última publicação foi em 2017, “Arte e conhecimento em Leonardo da Vinci”.
Ele era um dos raros historiadores da literatura diz o professor e editor Augusto Massi, que foi aluno de Bosi desde a graduação e um dos organizadores do livro “Reflexão como resistência: homenagem a Alfredo Bosi” (Cia das Letras) “História concisa da literatura brasileira” não é um manual, um livro com datas, tem análises e foi escrito quando ele era muito jovem. Bosi se caracterizou sempre por ser um homem de cultura enciclopédica”.
Com pensamento de esquerda, Bosi foi um dos responsáveis por introduzir o pensamento do filósofo marxista italiano Antonio Gramsci no Brasil.
Há cartas de Bosi falando dessa vocação filosófica que ele procurou alimentar diz Massi, salientando que o professor tinha formação católica, mas era ligado à ala mais progressista da Igreja. Havia esse aspecto de militância, de dar aula para operário e fazer trabalho humanitário. Ele não era só um cara de gabinete.
Bosi deixa dois filhos: Viviana Bosi, também professora da FFLCH-USP, e José Alfredo Bosi.
O Globo