Sabe aquele momento em que estamos com nosso destino na frente e mesmo assim nos seguramos em nosso passado como uma fuga agradável para as dificuldades da vida? Você pode pensar: “isso é muito específico”. Se você ainda não passou por isso, com certeza vai passar. “Big Time Adolescente – 2019” é um filme muito sensível sobre uma das coisas mais difíceis de superar na vida: os relacionamentos.
Escrito e dirigido por Jason Orley – guarde esse nome, esse cara tem muito potencial –, o filme tem o que podemos classificar como um olhar muito particular para os conflitos de ciclos, especificamente a transição da adolescência para a vida adulta. É importante citar que John Hughes fez isso com maestria no passado, e também é parte fundamental para entendermos esse novo olhar. A sociedade mudou. Isso é mais claro que nunca.
Neste novo milênio, não dá mais para encarar os dilemas como nos anos 1980 ou 1990. Se você tem uma boa biblioteca mental, pode reparar que diversas produções sempre tratam de assuntos importantes com um olhar bem clichê, remetendo a um passado distante mesmo sendo produzidos hoje.
Talvez, isso aconteça por uma crescente no imaginário das pessoas – para ser mais exato da geração millenium, que começa nos anos 1980. O que dá pra perceber nos últimos anos é uma vontade de reviver o passado e ficar preso a temas que já não são mais coerentes hoje. Os adolescentes agora não são como “O Clube dos Cinco – 1985”, e você não precisa desconsiderar esse filme ou qualquer mensagem que ele transmita. Pelo contrário, ele tem dilemas muito relevantes, além de ser um marco para época.
Esse momento pede produções que tratem sem tabu os temas que permeiam a sociedade moderna. Precisamos de mais séries como “Euphoria”, por exemplo, onde os personagens são realmente adolescentes mais coerentes com problemas reais. Reflita um momento sobre o quanto o emocional é parte importante do seu dia a dia. Pense que uma nova geração de pessoas tem negligenciado ou até mesmo tratado como um assunto insignificante. “Big Time Adolescente” não é apenas um drama juvenil como “Malhação 2000”.
Hoje em dia, podemos falar mais abertamente com os amigos ou com familiares sobre assuntos que, no passado, seriam imediatamente julgados como fracassos diante de uma situação interna difícil. O filme conta a história de mais um adolescente que não se encaixa nos padrões e desde pequeno resolve andar com caras mais velhos, como o ex-namorado de sua irmã vivido pelo Pete Davidson. Essa relação é de certa forma unilateral, tem algo importante entre Monroe (Griffin Gluck), mas nada que justifique por longo tempo.
(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)