Hoje vou falar de uma figura que curto muito desde os meus tempos de guri. Um ícone cultural e referência nas artes marciais, esse era o lendário Bruce Lee, que nasceu no dia 27 de novembro de 1940, em São Francisco. Polivalente, Lee foi instrutor de artes marciais, ator, roteirista, diretor e produtor de cinema. Embora tenha nascido nos EUA, ele passou sua adolescência em Hong Kong. Emigrou para os Estados Unidos aos 18 anos para reivindicar sua cidadania norte-americana e estudar. Foi nessa época que começou a ensinar artes marciais e, a partir daí, passou a atuar em filmes e shows na televisão.
Com Bruce Lee, os filmes de artes marciais chegaram a um nível enorme de popularidade e consagração, e houve um interesse pelas artes marciais chinesas no mundo ocidental na década de 1970. Aliás, na década de 1980 existiam duas grandes academias de kung fu aqui em Campo Grande, a Shaolin e a Dragão Celestial. Ensaiei várias vezes frequentar essas academias, mas era mais legal assistir às lutas na televisão com meu avô. Ele adorava Bruce Lee. Creio que assistimos a todos. “Dragão Chinês” (The Bigue Boas, 1971) e a “Fúria do Dragão” (Fist of Fury, 1972) de Lo Wei; “O Voo do Dragão” (Way of the Dragon,1972), dirigido e escrito por Lee; “Operação Dragão” (Enter the Dragon, 1973), da Warner Bros., dirigido por Robert Clouse; e “Jogo da Morte” (Game of Death, 1978), dirigido também por Clouse. Na minha cabeça infantil Bruce Lee era um super-herói de verdade e dava gosto de ver ele arrebentando geral em seus filmes.
Incansável, Bruce Lee não se dedicava apenas ao kung fu. Muito além das filmagens, Lee cultivava dois hobbies: dançar e lutar boxe. Seu comprometimento com as duas atividades era tanto que ele chegou a ser reconhecido nas duas modalidades. Em 1958, aos 18 anos, ele ganhou o concurso de dança “Hong Kong Cha Cha Championship” e também venceu um campeonato de boxe. Por nocaute, é claro. Segundo biógrafos, o lutador não era muito chegado aos estudos, mas Lee foi muito mais do que um lutador de sucesso. O ator frequentou a Universidade de Washington e se graduou em Filosofia com ênfase nos princípios filosóficos das técnicas de artes marciais. Para conseguir bancar seus estudos, Bruce Lee dava aulas de artes marciais e abriu sua própria escola depois de concluir seus estudos.
Bruce Lee faleceu aos 32 anos e os motivos que levaram à sua morte são confusos. No dia 20 de julho de 1973, ele foi encontrado morto em um apartamento em Hong Kong. Após algumas controvérsias em torno de sua morte, chegou-se à conclusão de que ele teria morrido por causa de um edema cerebral agudo, causado pela reação aos compostos de alguns remédios. O mais mórbido de tudo isso é que, na época, ele estava no meio das filmagens de “Jogo da Morte”. Sua morte inesperada obrigou os roteiristas a alterarem o enredo do filme, fazendo com que o personagem de Lee fingisse sua morte. Dessa maneira, as filmagens reais do funeral do ator foram utilizadas na trama, incluindo cenas em close do seu rosto embalsamado em pleno caixão.
Recentemente uma polêmica envolveu o ator, diretor e roteirista Quentin Tarantino e a filha de Bruce Lee. No filme “Era Uma Vez em Hollywood” há uma cena em que Lee luta com Cliff Booth (Brad Pitt), um dublê de filmes de ação. A filha de Bruce não viu com bons olhos a cena e comentou que seu pai foi desrespeitado por Tarantino. Acontece que “Era Uma Vez em Hollywood”, apesar de ter artistas reais representados no longa, como a atriz Sharon Tate (ex-mulher do diretor Roman Polansky, que foi brutalmente assassinada pelo grupo de psicopatas da Família Manson), foi construído em cima de uma narrativa fictícia. Sendo assim, a representação de Bruce Lee nada tinha a ver de fato com a personalidade do “Rei do Kung Fu”. Se estivesse vivo, Bruce Lee completaria 80 anos hoje.
(Texto: Marcelo Rezende)