O sétimo mais votado em Campo Grande, Esacheu Nascimento (PP) teve 2,45% dos votos válidos, o que equivale a 10.170 pessoas que acreditaram em suas propostas. Inconformado com o número de abstenção, não culpa o eleitor, mas a indignação deste diante dos políticos de carreira. Além de 154.003 (25,14%) de abstenções, foram 3,99% de votos brancos ou 18.316 mil, e 5,40% nulos ou 24.747. Ao todo foram 197. 066 pessoas que deixaram de votar. Estes números resultariam em um segundo turno, ao menos.
Para Esacheu neste ano atípico com pandemia, que não aconteceu, de acordo com ele, da maneira intensa que os meios de comunicação divulgaram, acabou por criar certas condições que refletiram nas urnas, como o aplicativo para justificativa que levou quem já não estava animado a fazer uso dele. “Por isso, este número em uma cidade com 612 mil eleitores. Você ter 154 mil ausentes, mais brancos e nulos, acabou, principalmente para a oposição, que não estava organizada e nem tinha os meios que a situação tinha para conquista de votos, com este resultado que conhecemos”, analisou
O progressista acredita que, se os candidatos da oposição se unissem, seria diferente. “Eu entendia que deveríamos ter conversado antes de indicar um candidato que pudesse representar este sentimento que é verdadeiro de rejeição a atual gestão de Campo Grande. Outros entenderam que precisava lançar o maior número de candidatos possível, que com isso teríamos um segundo turno em Campo Grande. Penso que não. Esta quantidade acabou dividindo muito os eleitores. A maioria estava discutindo os mesmos temas e o eleitor ficou confuso. Em quem eu voto? Assim, levou vantagem aquele que tinha uma posição já definida como situação, que usou meios válidos e meios não admissíveis”, apontou.
Assim, Esacheu entrou com ação de investigação judicial eleitoral pelo abuso de poder político do prefeito. O motivo, acusa, é distribuição de cestas básicas pessoalmente. “Ele poderia distribuir cestas básicas para a cidade inteira, mas isto é um ato de governo municipal e não um ato pessoal. Ele usou desse instrumento para angariar simpatia para o voto. O processo está tramitando e vamos aguardar. Toda a legislação eleitoral garante igualdade de disputa. No caso de Campo Grande, a igualdade foi quebrada seja pelo abuso do poder político econômico da prefeitura, da máquina administrativa, seja pelo fato da oposição não ter tido sequer a oportunidade de se reunir. Vieram decretos proibindo várias coisas, inclusive a reunião. Fiz cerca de 380 reuniões. Foram 4 a 5 por dia. Todos falavam que não queriam o atual prefeito. Contrariamente a isso, as pessoas não foram às urnas, o que não mostra que não querem votar na oposição e sim uma decepção com a classe política de maneira geral”, avaliou.
Sobre a campanha ter poucos recursos, se posicionou. “Eu penso ser a forma mais honesta de igualar a disputa o financiamento público de campanha realmente. Só precisa este mecanismo ser melhor regulado pela Justiça Eleitoral. Temos casos de estados pequenos que levaram dez milhões de reais para o seu estado outros como a Capital de São Paulo, por exemplo, praticamente não teve para o PP. Aqui veio recurso apenas para vereadores, que usamos parte para pagar impressões e gráficas. Isso realmente contribuiu para dificultar o trabalho”, pontuou. Outro problema para Esacheu é o que chama de falha nos mecanismos de fiscalização. “A quantidade de adesivos perfurados espalhados nos carros pela cidade em relação ao candidato à reeleição é um deboche. Ainda mais ele declarar gastos de 1 milhão de reais. Isto é falta de fiscalização mais rígida. Se falta de um lado, do outro há um abuso e fica evidente o uso do caixa dois”, acusou. Esacheu ainda não sabe o que fará em 2021, mas promete fiscalizar as dívidas dos hospitais de Campo Grande e militar pelo PP.
Da campanha fica o legado da construção de um diagnóstico completo da cidade e da zona rural cheio de propostas sobre o que fazer para Campo Grande crescer e desenvolver.
(Texto: Rafael Belo)
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