A recuperação da doença pode se estender por longos dias, o que tem aumentado a necessidade de realizar tratamento depois da alta hospitalar
“Todos os exames mostravam uma infecção muito forte no sangue. A promessa era de entubar, mas Deus operou o milagre guiando os médicos”, relembra o corretor de imóveis e músico Diego do Nascimento, de 36 anos, após ser curado da Covid-19, no dia 29 de agosto.
A doença pode deixar marcas para o resto da vida, no entanto, a fisioterapia respiratória é considerada como um dos importantes fatores para que a recuperação aconteça de forma eficaz. No caso de Diego, que teve 60% do seu pulmão acometido pelo vírus, a participação de profissionais dessa área foi indispensável.
“Quando ganhei alta para continuar o tratamento em casa, recebi a ligação de um amigo dizendo que um fisioterapeuta havia se interessado pelo meu caso. Foi quando conheci os profissionais da Qualifisio”, explica.
A partir disso, foi realizado um trabalho de 15 dias para tratar a respiração. “Retomei o gás que precisava. Hoje tenho vida normal, graças a eles”, acrescenta.
Descoberta surpresa
Por muitas vezes, o coronavírus chega de “mansinho” e se instala dando a entender que é uma simples gripe. O corretor de imóveis ficou internado por seis dias, sentindo sintomas gripais e depois de alguns dias falta de ar. Paralelo a isso, ele estava tratando um outro problema no estômago, no qual, foi pedido para que realizasse um exame.
“Fui ao meu gastro para realizar uma consulta sobre outro caso, e lá ele me solicitou uma tomografia do estômago. O rapaz disse que precisava fazer um exame a mais do meu tórax, pois tinha algo de errado, foi quando descobrimos a Covid, que até então eu não sabia. O médico da tomografia na mesma hora avisou que meu pulmão estava acometido com 60%”, relata.
Tratamento em casa
O pós-covid ainda pode se estender por longos dias, o que tem aumentado a necessidade de realizar tratamento depois da alta hospitalar. No caso da fisioterapia respiratória, em Campo Grande, a procura chega a variar entre 25% e 150% para atendimentos domiciliares. É o que mostra a pesquisa realizada pelo Defis (Departamento de Fiscalização) do Crefito-13.
De acordo com o fisioterapeuta Cardiovascular e Pulmonar Cristiano Luiz Campos Mendes, a demanda para esse tipo de serviço tem sido maior em casos de pacientes que tiveram complicações respiratórias e cardíacas.
“O pós-covid enfraquece a pessoa, deixa fragilizada. Sente-se o cansaço aos mínimos esforços. Sabemos que é pelo tempo de isolamento, pelo período prolongado de internação, de não fazer os exercícios, pois ainda estaria hospitalizado. Perde-se uma fase de recuperação e quando chega a fisioterapia, a maioria dos pacientes chega bem fragilizado”, comenta.
Segundo o profissional, a fisioterapia tem diminuído o tempo de recuperação e o aumento da procura por atendimento aumentou no mês de junho. Os médicos e a equipe multidisciplinar entenderam que o exercício respiratório estava resolvendo os problemas dos pacientes com coronavírus.
“Estima-se para recuperação a uma vida normal, o tratamento é de 90 a 120 dias, de três a quatro meses, mas temos casos de alta, de 30 a 40 dias. Os pacientes relatam que a respiração melhora, ela sai daquele estágio de respiração curta, para um alívio maior. Eles se sentem mais fortes, respirando bem e a cada dia eles conseguem tem uma progressão nas atividades de vida diária”, conclui o especialista.