As mortes decorrentes de COVID-19 em até dez dias depois de a doença ser notificada dispararam em Mato Grosso do Sul neste mês. Uma das hipóteses é que o tempo de espera por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tem contribuído para o coronavírus avançar mais rápido e levar à morte. A outra possibilidade é da variante P.1. também ser mais grave, conforme especialistas.
Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam que, entre as 60 mortes pela doença divulgadas ontem (25), 35 ocorreram em até dez dias da notificação da doença, ou seja, 58%. Em comparação com um mês atrás, em 25 de fevereiro, apenas 29,1% dos pacientes morreram no mesmo período. O novo recorde de mortes trouxe ainda um dado mais alarmante: cada vez mais, o Estado registra mortes de casos de COVID-19 no mesmo dia em que a doença é notificada.
No último boletim, foram 13 vidas perdidas nessas condições, um percentual de 21,6%. O quantitativo é quase o dobro em comparação com o mês anterior, quando 12,5% das 24 mortes contabilizadas ocorreram no mesmo dia da descoberta da doença. Para a infectologista e integrante do COE (Centro de Operações Emergenciais) Mariana Croda, a sensação de que os pacientes permanecem menos tempo internados com uma evolução mais rápida para a morte é real. “Nós não temos esse dado em nível Brasil. Mas, já sabemos que em São Paulo, houve uma redução de 14,1 dias para 10,7 dias de internação. Nós atribuímos isso a nova variante P.1, que é mais transmissível, e que possui uma carga viral mais elevada”, ponderou Croda.