Cerca de 150 motoristas de aplicativo se uniram ontem (1º) em dois postos e abasteceram apenas R$ 0,50, podendo ser gasolina ou álcool, e pediram nota fiscal aos estabelecimentos. Essa foi a primeira de uma série de ações que devem percorrer os postos de Campo Grande, até o dia 17, quando está prevista uma paralisação geral das atividades nos aplicativos de transporte.
A ação busca chamar a atenção do Poder Público sobre as dificuldades que a categoria enfrenta para continuar rodando em Campo Grande. O manifesto foi organizado por grupos que os motoristas utilizam para manter contato, falar de corridas e sobre as condições de trabalho. As ações ocorreram no posto da Avenida Salgado Filho, no cruzamento com a Avenida Costa e Silva, e no posto da Avenida Coronel Antonino, no cruzamento com a Rua São Borja.
O motorista de aplicativo Alfredo Orlando, 35 anos, revela que as ações seguem exemplo do que vem ocorrendo em todo o país. A alta nos postos fez com que a categoria se unisse para buscar melhorias.
“Nós gostaríamos de entender o porquê dessa alta nos preços. A gasolina teve um aumento, mas e o etanol? Nós buscamos utilizar o material para tentar aumentar a renda, mas agora não tem compensado. Até mesmo para o cliente é possível sentir essa redução, existe demora na espera por carros, porque o motorista tem feito o cálculo para saber se compensa e quando é preciso rodar 5 km, ele acaba desistindo”, apontou.
Já o motorista Michel Rodrigo, 41 anos, explica que a falta de apoio do governo, em conjunto com as dificuldades encontradas em negociar com os aplicativos, tem levado a uma redução significativa nos ganhos da categoria. Modalidades inseridas como o “99 Poupa”, ou o “Uber Promo”, opções promocionais, têm o ganho retirado do cliente.
“Nós já temos trabalho diante de tanta dificuldade e ainda temos de atender a demanda dos aplicativos com essas promoções. O trabalhador, que passa o dia rodando, tem tido cada vez mais dificuldade em conseguir fechar no saldo positivo no fim do mês. Ainda mais em um momento de pandemia, isso não devia acontecer. Em vez de melhorar as condições de trabalho as coisas vêm só piorando”, pontuou.
Conforme publicado pelo jornal O Estado, o aumento do valor da gasolina e, por conse- -quência, no etanol já vinha fazendo os motoristas de aplicativo migrarem do uso da gasolina para o etanol. As altas constantes levaram 15% dos motoristas do Estado a abandonar os aplicativos. Fora aqueles que deixam a plataforma para se inserir em outras funções, por exemplo, entregas via delivery.
Após o primeiro dia de ação, os motoristas conseguiram uma reunião com o governador Reinaldo Azambuja. O dia ainda será definido, mas as pauta do aumento no combustível será levada para a avaliação do Poder Executivo estadual.
(Texto: Amanda Amorim)