Pesquisadores do projeto PetCOVID, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), confirmaram os primeiros casos da presença de COVID-19 em animais domésticos. Um cão da raça teckel e um gato siamês, de Campo Grande, foram contaminados pelos tutores. Os dados divulgados nesta semana vão ajudar os pesquisadores a entender por que alguns animais se contaminam e outros não. De qualquer maneira, cães e gatos infectados não transmitem COVID para o ser humano.
Segundo a pesquisadora de epidemiologia, zoonoses e saúde pública Juliana Galhardo, o vírus SARS-CoV-2 foi detectado, por meio do teste RT-PCR, em um nos animais. Galhardo explica que, apesar do contato com o vírus, tanto o cão quanto o gato estavam assintomáticos para a doença.
Na Capital, o projeto já coletou amostra em sete residências. Todos os exames foram enviados ao laboratório parceiro em Minas Gerais, TECSA. O próximo passo da pesquisa é a coleta de uma segunda amostra de teste e monitoramento por telefone.
“Todos os animais, mesmo os negativos, nós fazemos uma segunda coleta de material”, afirmou Juliana. A pesquisadora ponderou que a parte mais importante do projeto, apoiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), não é apenas coletar amostras e diagnosticar o vírus, e sim entender o porquê de o contágio acontecer em algumas residências e na maioria, não.
As pessoas que participaram do estudo respondem ainda a um questionário. Conforme Galhardo, serão essas respostas que vão ajudar a entender, ao fim do projeto, essa relação de contágio humano-animal. Até o momento, o PetCOVID analisou 60 amostras em seis capitais do Brasil. Destas, 11 animais tiveram a presença do vírus, sendo um cachorro em Belo Horizonte; um gato de Cuiabá; quatro cães e um gato de Curitiba; dois gatos na Região Metropolitana do Recife; e um cão e um gato da Capital.
Os casos detectados em Campo Grande foram notificados às autoridades de saúde animal e humana do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de MS), Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) e SES (Secretaria de Estado de Saúde).
O projeto é coordenado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) e UNISA (Universidade Santo Amaro). Os pesquisadores esperam coletar pelo menos 100 amostras de testes nas seis capitais. É importante ressaltar que, caso o animal seja diagnosticado com a presença da COVID-19, os pesquisadores recomendam que ele também fique em isolamento na residência. Caso ele precise de atendimento, os tutores devem entrar em contato com os profissionais do estudo.
Requisitos para o estudo
Para participar da pesquisa, é necessário que o tutor do animal ou um morador da casa esteja com COVID-19 nesse momento, em isolamento e com residência em Campo Grande. Os voluntários podem entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo perfil no Instagram @ petcovid_ufms
(Texto: Mariana Moreira)