Mesmo com o anúncio sobre o fechamento da montadora da Ford no Brasil, aparentemente, a decisão não tem afetado nas atividades de algumas garagens de Campo Grande. Isso porque, segundo a empresa, continuará tendo comprometimento com os clientes e, conforme avaliação de alguns representantes de estabelecimentos de seminovos, a manutenção já não precisa ser feita com peças originais, por exemplo.
As vendas dos modelos Ford Ka, Ecosport e T4 vão ser encerradas assim que terminarem os estoques. Com tendência de predominar os SUVs, vão entrar a picape Ranger, – produzida na Argentina -, a nova Transit, Bronco e o Mustang Mach 1. Além disso, planeja acelerar o lançamento de outros novos modelos conectados e eletrificados, incluindo um veículo híbrido plug-in.
”Isso se alia à expansão de serviços conectados e de novas tecnologias autônomas e de eletrificação nos mercados da América do Sul. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas”, diz parte do anúncio.
Uma prova de que não vai prejudicar o setor de seminovos, é a garagem de carros E-motors. Segundo o gerente Lucas Eduardo Martins, tudo está normal, sem atrapalhar o fluxo de compra e venda, pois o estoque é baseado no mercado de carro zero.
Na Unidas seminovos não tem sido diferente que, inclusive, no local ainda tem modelos Ford Ka Hatch e Sedan e Ecosport para serem vendidos. ”Sendo um carro nacional não reflete tanto para o seminovo, pois as peças no mercado paralelo são fáceis de encontrar, o carro já ganhou a primeira manutenção, por exemplo. E ainda está tendo procura. Independente do carro ter saído do mercado, o produto é de muita qualidade”, ressalta o gerente do estabelecimento, Edson Baú.
Na visão do proprietário da SF Carros e Camionetes, Sergio Ferraz, por se tratar apenas de dois modelos, o reflexo negativo não vai ser grande para as garagens.
”Afeta muito sensivelmente, porque se trata de apenas dois modelos que a Ford produzia no Brasil. Os demais modelos todos já eram importados da Ford. A humanidade caminha para os SUVs e isso é bem nítido. Acredito que vai ser uma tendência mundial e a Ford não vai deixar de seguir isso, mesmo não produzindo carro no Brasil”, enfatiza o empresário, que também é apresentador de um programa voltado para este assunto.
Ferraz relata ainda que já chegou a comprar um Ford Ka depois do anúncio do fechamento, o que não implicou em nada.
Impacto de fechamento da industria
Diante da decisão, a Ford prevê um impacto de, aproximadamente, US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes. Segundo a empresa, cerca de US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos.
Os outros US$ 2,5 bilhões vão impactar diretamente no caixa, relacionados principalmente a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.
(Texto: Izabela Cavalcanti)