Alta recorde do boi faz furto de rebanho crescer até quatro vezes em MS

Estado tem média de 14 casos do tipo por dia neste ano, em que a arroba do boi está 45% mais cara

A escassez de gado e o aumento de quase 46% no custo da arroba, uma alta recorde, fizeram com que o campo se tornasse um local atrativo para quadrilhas em Mato Grosso do Sul. Até a última sexta-feira (5), segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), já haviam sido 512 ocorrências de abigeato (furto e roubo de bovinos) registradas no ano. Na média, são 14 crimes do tipo diariamente. Há um ano, por exemplo, esse volume era quatro vezes menor.

Mas não é algo que não existia. Até porque o número foi grande em 2020, mesmo com a pandemia. Na verdade, parece que a procura foi maior”, disse um delegado, que preferiu não se identificar.

Segundo os dados da Sejusp, Antônio João, distante 253 quilômetros da Capital, é a cidade com maior incidência de abigeato, com 30 ocorrências. Em seguida vem Terenos, a 23 quilômetros de Campo Grande, com 25 casos. 

Foi justamente nessa cidade, vizinha da Capital, que aconteceu o último caso de repercussão. Na quarta-feira (3), três acusados com idades de 26, 27 e 43 anos foram presos após subtraírem 29 cabeças de gado de uma fazenda local. Um dos bandidos era peão do local. O prejuízo foi de R$ 50 mil.

De acordo com o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), responsável pela prisão, o bando é investigado por outras ações do tipo e, além do furto, por cometer “abigeato no varejo”, ou seja, abater e cortar os animais nas próprias propriedades rurais para vender a carne em cidades próximas.

Secretário nacional de Segurança Pública no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e consultor de empresas de pecuária, José Vicente da Silva Filho diz que o abigeato é movido por um só motivo: alta dos preços nos açougues. “Não há mercado ilegal de pecuária forte o bastante para motivar esse crime entre fazendeiros e desviar o rebanho de um colega. Agora, a crise de abastecimento faz o crime se tornar viável, motiva. Se há crime no campo é porque há receptador. E quase sempre são distribuidores de carne”, disse Filho.

(Confira mais na página A6 da versão digital do jornal O Estado)

Veja Mais:

Quer viajar aqui pertinho? Confira destinos brasileiros que serão tendência em 2021

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *