Estresse infantil no retorno às aulas presenciais

Gradualmente, as escolas estão se preparando para o retorno das aulas presenciais. De um modo geral, as instituições estão seguindo um rígido protocolo de segurança sanitária, que inclui a higienização das mãos com álcool gel, distanciamento entre alunos e professores, controle do contato pessoal, entre outras medidas. É preciso ter bastante cuidado e atenção com as crianças neste novo momento, pois estes novos hábitos podem trazer uma situação de estresse e ansiedade para elas.

”Nós estamos passando por um momento de adaptação, e todos os indivíduos estão propensos a refletir essas transformações por meio das manifestações emocionais e com as crianças não seria diferente”, frisa Maria Mabel, professora do Curso de Psicologia da Estácio. Segundo a profissional, esta fase pode ser um exemplo das influências normativas do desenvolvimento humano, o qual está sendo regulado pela história, e a forma como lidamos é que vai nos dizer se teremos mais aspectos positivos ou negativos relacionados a esse acontecimento.

Neste contexto, a especialista esclarece, os pais e os educadores são os principais responsáveis para o auxílio às crianças de forma positiva. ”O primeiro aspecto que devemos pensar é: em qual fase do desenvolvimento essa criança está inserida? Quais aspectos ela consegue compreender com mais facilidade a partir do seu desenvolvimento cognitivo? Dependendo dessas respostas podemos pensar em estratégias que beneficiem melhor cada criança em sua fase de desenvolvimento – primeira infância, segunda infância e terceira infância”, detalha a psicóloga.

Para Mabel, o primeiro passo é conscientizar a criança sobre este contexto atual, enfatizando a importância sobre a manutenção do distanciamento social e o uso obrigatório de máscara. ”Para as crianças menores, com até sete anos, é necessário que essa psicoeducação seja realizada com vocabulário acessível à linguagem dela e com exemplos concretos, pois elas ainda não apresentam o desenvolvimento cognitivo suficiente para entender temas e situações que não consigam visualizar. Já para as crianças maiores, a partir de oito anos, a orientação pode ser com uma linguagem um pouco mais elaborada, pois nessa a fase elas já conseguem utilizar o raciocínio e a lógica de forma elementar”, explica.

Outro ponto importante, segundo a psicóloga, é promover formas em que as crianças interajam entre elas, mesmo respeitando as regras de distanciamento social. ”Uma sugestão é criar um código para representar o abraço, por exemplo, visto que o gesto não pode acontecer de fato, e assim, as crianças conseguirão se sentir acolhidas e abraçadas pelos coleguinhas mesmos distantes”, orienta.

A psicóloga frisa ainda que as crianças menores nem sempre conseguem expressar seus sentimentos e pensamentos por meio da linguagem verbal, então é importante que os pais prestem atenção em seus comportamentos e brincadeiras, onde elas podem expressar suas emoções mais facilmente.

”Se os pais e professores perceberem que as crianças não estão conseguindo ressignificar os novos acontecimentos de forma positiva, é importante procurar a ajuda de um profissional”, ressalta.

(Texto: Bruna Marques)

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