Senadora garante que representa um grupo significativo de senadores em defesa de um Senado livre
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que disputa a presidência do Senado de forma independente e sem o apoio total do MDB, está confiante no resultado da eleição que acontece na segunda-feira (1º). Na quinta-feira (28), a parlamentar comunicou de forma oficial que o líder do MDB, senador Eduardo Braga, a liberou de qualquer compromisso partidário, porque o partido está em tratativas com o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, numa possível composição para a próxima Mesa do Senado.
A parlamentar afirma que a sua candidatura não é “contra alguém. É de independência do Senado, independência harmônica em favor do Brasil”. Confira a entrevista completa que a senadora Simone Tebet cedeu ao jornal O Estado.
O Estado: A senhora acredita que é possível reverter o suposto quadro favorável ao concorrente?
Simone: Historicamente, as eleições para compor a Mesa Diretora do Senado sempre foram mais tranquilas que as da Câmara dos Deputados. Poucas vezes houve mais de um candidato para cada cargo e a votação validava acordos prévios com respeito à regra da proporcionalidade partidária. Ou seja, os cargos eram definidos de acordo com o tamanho das bancadas. Hoje, o MDB tem 15 senadores, é a maior bancada. O DEM tem apenas 5 e o apoio do Palácio do Planalto, que esteve ativo nas negociações pelos votos. Esta semana mantive a minha candidatura independente. Represento um grupo significativo de senadores que comungam comigo a defesa de um Senado livre, independente e autônomo para ajudar o Brasil. Ao meu lado, continuam alguns companheiros do partido e também senadores do Podemos, Cidadania, PSB e PSDB. De qualquer forma, acredito que qualquer que seja o resultado das eleições de segunda-feira, já sairemos vitoriosos. Colocamos nossa candidatura para contrapor à da situação (Rodrigo Pacheco – DEM-MG). Entendo que o Legislativo precisa da independência necessária para garantir o amplo debate e a possibilidade de aparar arestas das pautas do governo federal. Não podemos ser meros carimbadores ou assinar cheques em branco.
O Estado: Como avalia sua campanha ao comando do Senado?
Simone: Encerro minha campanha com a consciência tranquila. Conversei com os colegas, apresentei minhas propostas e minha visão de atuação em prol de um Senado mais democrático, retomando as reuniões do Colégio de Líderes para definir a pauta do plenário e garantindo mais espaço para as mulheres nas tomadas de decisão. Agora, é esperar o resultado. Tudo pode acontecer.
O Estado: Até que ponto o comando do Congresso ficando com apoiadores do Planalto pode influenciar nos trabalhos dos parlamentares?
Simone: Infelizmente houve muita ingerência do governo federal na disputa interna do Congresso Nacional. Isso é ruim porque, se vencerem, tanto o deputado Arthur Lira (PP-AL) quanto o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), terão dificuldades para dizer não ao presidente em função dos compromissos firmados. Em relação ao Senado, não consigo entender a atuação do Planalto. Eu e o candidato da situação votamos com o governo na pauta econômica, não representamos oposição. A ingerência do governo na eleição do Senado não foi saudável e não tinha razão de ser.
(Confira mais na página A4 da versão digital do jornal O Estado)