Com pandemia, pais precisam se “virar nos 30” para entreter os pequenos

A pandemia do novo coronavírus está completando quase um ano, as aulas presenciais ficaram meses suspensas (e, em alguns casos, nem voltaram) e os pais têm precisado de muita criatividade para entreter as crianças dentro de casa. Ações como jogos de tabuleiro, de adivinhação e até mesmo brincadeiras que eram comuns na infância dos pais são algumas das alternativas para ocupar os pequenos.

A atendente Anne Rodrigues, 23 anos, que é mãe de três crianças, Bernardo de 7 anos, Joaquim de 4 e Naomi de 3, revela que no início não foi fácil mantê-los entretidos em casa, já que os mais velhos estavam acostumados à rotina escolar.

“Eles sempre estavam animados para ir para a creche, ou para a escolinha, era o momento de ver outras crianças, brincar e foi muito difícil nos primeiros dias. Eles faziam mais arte, para chamar a atenção, o que é normal de criança, mas a gente foi se adaptando e hoje eles brincam bem juntos”, contou.

Com o quintal de casa grande, as brincadeiras são focadas do lado de fora com todo tipo de material. Além dos brinquedos, como carrinhos, o maior motivo para a farra da gurizada são momentos que envolvem muito água, e, como consequência, bastante barro.

“Com a calor e o tempo quente, eles acabam brincando com a mangueira e com barro, bem coisa de criança raiz, como a gente gosta de falar. Mas, nós também incentivamos eles a brincarem de esconde-esconde e pega-pega, e até a Naomi, que é menorzinha acaba participando. É uma graça vê-la correndo atrás dos mais velhos e eles são só cuidados com ela”, destacou.

Além disso, os meninos, Bernardo e Joaquim, têm construído com o pai uma casinha na árvore. As atividades dos fins de semana têm se tornado as preferidas da duplinha. “Eles adoram. A casinha não é grande, nem muito alta, mas só o fato de eles subirem na árvore, já os deixam mais animados e estar com o pai nisso tudo é muito bom”, apontou.

Como toda criança do mundo moderno, brincadeiras que envolvam tecnologia são primordiais no momento de descontração. Mesmo que os pais se preocupem com a quantidade de tempo que as crianças passam em frente do celular e da televisão, algumas tardes são aproveitadas acompanhando séries e filmes infantis.

“Tem dias que é impossível mantê-los do lado de fora o tempo todo. Nós tentamos ao máximo evitar o excesso da internet, mas assistir a um filme, ou canais infantis no YouTube, também é algo de que eles gostam muito”, frisou Anne.

Alternativas

A professora do Curso de Pedagogia da Estácio, Flávia Alcântara, aponta que, com os meses de pandemia, pais e cuidadores que precisaram dividir a atenção entre o home office, as tarefas da casa e os filhos acabam esgotando suas ideias sobre como aproveitar o tempo livre em família com qualidade, sem gastar muito e sem sair de casa.

Para auxiliar os pais, Flávia preparou dicas criativas e bem simples que podem preencher o dia e torná-lo mais divertido. “As férias, mesmo que por um período mais curto, estão aí e o desafio da pandemia continua. O momento é de paciência, cautela, mas também merece lazer e descontração”, afirmou.

Entre as sugestões, estão os experimentos culinários, os quais, além de colocar a mão na massa com as crianças, podem ser utilizados para criar um livro de receitas da família, e criar pratos divertidos com imagens, carinhas ou bichinhos. Durante uma tarde, preparar um balde de pipoca e aproveitar para assistir aos filmes com a família também é uma alternativa.

“Pequenas mudanças de rotina também podem se tornar uma boa opção de entretenimento com a criançada. Almoçar sobre uma toalha no chão, em algum espaço diferente da casa, pode ganhar ares de um divertido piquenique”, apontou.

Já para quem tem crianças maiores, a dica é estimular novas atividades durante os afazeres domésticos. “Até mesmo um dia de faxina pode se converter em uma estimulante brincadeira. Você pode montar uma tabela com pontos que serão dados para quem cumprir determinadas tarefas. Crianças adoram competições!”, relatou.

Atividades mais simples podem ser aproveitadas para tirar as crianças da rotina. Construir uma barraca na sala, que pode ser feita de lençóis, e levar brinquedos para dentro, pode transformar o local em uma casinha e pode render muitas risadas.

Outra opção é incentivar o uso de tintas, de preferência guache (por sair com água), para aflorar o lado criativo e artístico das crianças. “Tintas e cores. Aí está uma baguncinha que vale a pena. Com papéis colados forrando uma mesa ou até mesmo o chão, podemos criar os mais variados cenários coletivamente”, explicou Flávia.

A psicopedagoga lembra que o segredo para criar uma programação variada e atrativa, sem que exija grandes produções, é usar e abusar do lúdico e da imaginação. Além das artes, é possível utilizar o próprio celular para fazer fotos dos objetos em casa, dos animais e contar os cantinhos preferido da casa.

Outro ponto a ser incentivado e que deve ser estimulado desde cedo é a leitura, com o uso de efeitos sonoros, que podem aumentar o interesse das crianças. Uma alternativa é a contação de histórias compartilhadas, em que a história é inventada na hora e as pessoas devem dar sequência.

“Escolha um bom livro, de acordo com o interesse das crianças, e leia fazendo ‘caras e bocas’. Além disso, vale contar histórias antigas ou mesmo ‘causos’ de sua própria infância para os filhos. Essa é uma forma de se conhecerem melhor e de trocarem experiências”, destacou a professora.

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