São Sebastião: História teve início em 1937 após uma promessa feita por um pecuarista

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Em Campo Grande, a história com o santo teve início por volta de 1937, quando um pecuarista fez a promessa de construir uma capela, caso o gado fosse poupado de uma peste que atacava o rebanho da região.

Quem conta essa história é o padre Marcelo Tenório, pároco da igreja. O responsável pela construção se chamava José Roberto, antigo dono das terras que hoje correspondem a região do bairro Monte Carlo, que, na tentativa de salvar seu gado, fez o compromisso. A construção da capela começou, mas José faleceu rapidamente por conta de um câncer.

“Após a promessa, nenhum gado de José Roberto morreu e assim ele começou a construir a capelinha. Mas, após descobrir o câncer, ele pediu para que os amigos continuassem com a construção e os amigos atenderam seu pedido e concluíram a obra. Já na década de 1940, a diocese assumiu a capela, que foi crescendo até se tornar o que nós conhecemos hoje”, revelou.

Como no início da construção da capela Campo Grande ainda era uma cidade pequena e cercada por muitas chácaras e fazendas, o local se tornou uma referência para as famílias que começaram a buscar a evangelização por lá. A professora aposentada Margarida Queiroz lembra que cresceu em uma dessas áreas e a capela mais próxima era a de São Sebastião.

Apesar de a capela ter sido construída por José Roberto, apenas no fim da década de 1940 que as celebrações começaram a ocorrer na igreja. Isso porque a professora Leodortina Pereira, chamada de Pepita pelos alunos, foi atrás de conseguir que o espaço recebesse aulas e, após isso, passou a ser administrada pela arquidiocese.

“As celebrações começaram por conta da iniciativa da professora Pepita. A capela foi a minha primeira escola e de muitos da minha época. Mas a devoção a São Sebastião era algo de família e nós crescemos convivendo com a comunidade. Era algo que já vinha dos meus pais”, relembrou Margarida.

Mesmo após se casar, Margarida não se afastou da igreja em que cresceu e continuou frequentando junto do marido e da família. Atualmente, a época de festividades em homenagem a São Sebastião é um momento de reencontro de toda a família na igreja, já que alguns se casaram e mudaram para outros bairros.

“Meus filhos todos continuam frequentando a igreja católica, mas, devido às circunstâncias da vida, eles acabaram indo para outros bairros e, consequentemente, frequentam outras igrejas. Todos os anos, eles voltam e nós nos reunimos durante a novena e nas quermesses”, contou.

Na capela, as homenagens são também para o beato Carlo Acutis, que já realizou milagres solicitados pelos fiéis. No ano passado, ele foi beatificado após um milagre ocorrido em Campo Grande ser reconhecido pelo Vaticano.

História

São Sebastião nasceu em Narbona, na França, no ano de 256 d.C. Ainda jovem, mudou-se com a família para Milão, na Itália, cidade de sua mãe. Entrou para o exército de Roma, se tornou o soldado predileto do imperador Diocleciano e logo conquistou o posto de comandante da Guarda Pretoriana.

No entanto, secretamente, se converteu ao Cristianismo e levava a palavra a para aqueles presos que seriam levados para o Coliseu, onde seriam devorados pelos leões, ou mortos em lutas com os gladiadores. Com palavras de ânimo e consolo, fazia os prisioneiros acreditarem que seriam salvos da vida após a morte, segundo os princípios do Cristianismo.

Com isso, São Sebastião ficou conhecido como benfeitor dos cristãos. A fama se espalhou e ele acabou denunciado ao imperador, que perseguia cristãos no exército. Na perseguição, tentaram fazer com que ele renunciasse ao Cristianismo, mas, diante do imperador, Sebastião não negou a sua fé e foi condenado à morte.

Seu corpo foi amarrado a uma árvore e alvejado por flechas atiradas por seus antigos companheiros, que o deixaram aparentemente morto. Resgatado por algumas mulheres lideradas pela cristã Irene, foi levado, ficou sob seus cuidados e conseguiu se restabelecer.

Depois de recuperado, São Sebastião continuou evangelizado e, indiferente aos pedidos para não se expor, apresentou-se ao imperador insistindo para que acabasse com as perseguições e mortes aos cristãos. Ignorando os pedidos, desta vez, Diocleciano ordenou que o açoitassem até a morte, e depois seu corpo fosse jogado no esgoto público de Roma, para que não fosse venerado como mártir pelos cristãos. Era o ano 287.

Mais uma vez, seu corpo foi recolhido por uma mulher chamada Luciana, a quem pediu em sonho que o sepultasse próximo das catacumbas dos apóstolos. No século IV, o imperador Constantino, que se converteu ao Cristianismo, mandou construir, em sua homenagem, a Basílica de São Sebastião, perto do local do sepultamento, junto à Via Appia, para abrigar o corpo de São Sebastião. Seu culto iniciou-se nesse período.

 

Texto: Amanda Amorim

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