Pacientes do ambulatório pós-COVID precisam de atendimento psicológico

Ambulatório na Capital atende 70 pessoas por semana

Grande parte dos pacientes pós-COVID apresentam sequelas cardiopulmonares, fadiga e cansaço. Entretanto, o número de pacientes que precisam de atendimento psicológico chamou atenção dos profissionais que atendem no ambulatório do CER/APAE (Centro Especializado em Reabilitação e Oficina Ortopédica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

De acordo com o fisioterapeuta Maurício Comin, de 10 pacientes, cerca de sete precisam de atendimento psicológico. “Fico impressionado como a doença mexe também com o psicológico dos pacientes. Tem gente que chega aqui completamente em pânico, principalmente, de ter a doença novamente”, afirmou.

O ambulatório, que foi inaugurado em setembro e foi o primeiro do país com cobertura 100% SUS (Sistema Único de Saúde), conta com uma equipe multiprofissional composta por nove especialidades: médico fisiatra, cardiologista, pediatra, neurologista, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, assistente social e fonoaudiólogo.

A unidade já está atendendo a capacidade máxima que é de 70 pacientes por semana. Inclusive, a prefeitura já avalia ampliar a capacidade de atendimento do local. “Até o momento, a unidade implementada na APAE está absorvendo a demanda existente, bem como as demais unidades da rede municipal de saúde e da rede contratualizada. A ampliação dos serviços também deverá ser avaliada”, dizia trecho da nota do município.

Tratamento

Ronaldo Aguiar, 37 anos, é um dos pacientes que está em tratamento no ambulatório. Segundo o fisioterapeuta, ele está com uma mancha no pulmão direito e, na triagem, durante os exames, foi constatado falta da CVL (Capacidade Vital Lenta).

“O CVL é a quantidade de ar que a gente respira em uma inspiração forçada. No caso do Ronaldo, a diminuição foi de 400 ml”, explicou o fisioterapeuta.

O paciente foi infectado pelo novo coronavírus no começo do mês passado e não chegou a ficar internado. Mas, por continuar sentindo sintomas como cansaço e mal-estar no peito mesmo depois da quarentena, foi encaminhado para tratamento no ambulatório.

“A médica que me acompanhou no posto de saúde que fez o encaminhamento para o ambulatório, porque mesmo após o período de isolamento, eu ainda não estava bem e o raio-x mostrou que meu pulmão direito estava com um mancha. Foi diagnosticado ainda princípio de pneumonia bacteriana”, disse Ronaldo.

Segundo o fisioterapeuta Maurício, tem uma criança de 9 anos que está em tratamento no ambulatório, fazendo fisioterapia cardiopulmonar. O menino é o primeiro e, até então, único paciente pediátrico do local. Ele afirmou que a criança teve uma redução no volume corrente, que é a quantidade de ar que entra no pulmão a cada respiração.

“Não tinha noção que era uma criança, até porque é incomum. Mas os exames mostraram que, realmente, o volume corrente diminuiu. Ele relatou na triagem que ficava muito cansado quando realizava algumas atividades, brincadeiras mesmo de criança”, ressaltou Maurício.

Encaminhamentos

Os pacientes são encaminhados para o ambulatório por meio do SISREG (Sistema de Regulação) do Ministério da Saúde. Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), os pacientes pós-COVID que são encaminhados para o ambulatório já fazem acompanhamento na rede municipal e o médico responsável avalia se é necessário o encaminhamento para o ambulatório.

Segundo ambulatório

A prefeitura de Campo Grande está estudando a abertura do segundo ambulatório pós-COVID para pacientes que apresentam sequelas depois de infectados pelo vírus. Por nota, o município afirmou que ainda não há uma data prevista para abertura, mas que o convênio será formalizado com o Hospital São Julião. Confira outras notícias.

(Texto: Rafaela Alves)

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