Especialistas afirmam que racismo é subnotificado em MS

Mato Grosso do Sul teve, a cada 23 dias, um caso de racismo registrado pela Polícia Civil em suas delegacias. Quando se trata de preconceito e discriminação, a média é ainda maior, a cada 27 dias um caso foi transformado em boletim de ocorrência no Estado.

Hoje (20), quando se comemora o Dia da Consciência Negra, data escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil, que lutou pela libertação do povo negro contra o sistema escravista, o Estado mostra uma certa manutenção no número de ocorrências.

Os 14 casos de racismo e 20 de discriminação e preconceito registrados até aqui no ano mantêm uma tendência dos últimos anos: eram 20 e 13, respectivamente, em 2019; 18 e 15 em 2018; e 10 em ambos os crimes em 2017 (veja os números ao lado).

Os números, baixos se comparados aos registrados em nível nacional e outros estados com população negra semelhante a Mato Grosso do Sul, representam afinal uma sociedade pluralista ou uma subnotificação dos casos? Na avaliação de especialistas ouvidos por O Estado, a segunda hipótese é a mais plausível.

“Basta, afinal, ver a representatividade da população negra entre os governantes”, explicou Chico de Oliveira, sociólogo da USP (Universidade de São Paulo) e autor de trabalhos sobre a condição da população negra brasileira.

Segundo dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Mato Grosso do Sul tinha, em 2016, 1,452 milhão de negros em sua população. Deste total, 53% são mulheres. Ao mesmo tempo, tanto o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, como o governador Reinaldo Azambuja não são negros. Na Câmara Municipal da Capital, apenas 4 dos 29 vereadores não se declaram caucasianos. Na Assembleia Legislativa, a conta é ainda pior, somente 2 dos 24 apontam que não são brancos. Isso segundo o registro de suas candidaturas em 2016 no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

(Texto: Rafael Ribeiro)

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