O câncer de próstata atinge principalmente homens com mais de 50 anos e é o segundo mais recorrente no grupo masculino
Novembro Azul é o mês da campanha mundial de prevenção ao câncer de próstata. No Brasil, somente neste ano, 65.840 homens foram diagnosticados com a doença. Os dados são do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Agora o papo é sobre saúde, cuidados e prevenção. Você sabe quais são os sintomas dessa doença? Como é realizado o exame de diagnóstico ou como começou o movimento “Novembro Azul”? Aqui no caderno Viver Bem vamos responder essas e outras perguntas!
A campanha surgiu, em 2003, na Austrália, intitulada “Movember”, junção das palavras em inglês “Moustache” (bigode) e “November” (novembro). Na época, o movimento tinha como finalidade chamar a atenção para a prevenção e diagnóstico precoce da doença, pois no dia 17 deste mesmo mês é celebrado o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata. Para dar ênfase a data, alguns homens costumam deixar o bigode crescer, por isso é comum encontrar na internet o símbolo do moustache associado com as ações do Novembro Azul.
As estatísticas do INCA, indicam que esse tipo de tumor maligno é o segundo mais recorrente nos homens brasileiros, além de ser a segunda maior causa de morte entre o grupo masculino. Em 2018, 15.576 homens no país vieram a óbito devido à doença. Estimativas apontam que em 2020 sejam diagnosticados 60.180 novos casos, sendo 1.230 deles somente no Mato Grosso do Sul.
O câncer de próstata, geralmente associado ao envelhecimento, costuma atingir principalmente aqueles que possuem mais de 50 anos. Vários fatores têm influência no desenvolvimento da doença, por exemplo, a ingestão de alimentos ricos em gordura animal, obesidade, tabagismo, histórico familiar e a etnia. O último fator é justificado por pesquisas que indicam que esse câncer atinge quase duas vezes mais homens negros.
Mas afinal quais são os principais sintomas da doença e como é realizado o diagnóstico?
De acordo com o Urologista e Professor do curso de Medicina, Joaquim Miguel Vinha, na fase inicial o câncer de próstata não apresenta sinais. “Como não produz sintomas, o tumor pode crescer de forma silenciosa e, quando é descoberto, em geral, já atingiu os tecidos vizinhos”, comenta. Segundo o médico, nessa fase a possibilidade de cura é reduzida. “Se o tumor estiver restrito a glândula, é curável em 90 a 95 % dos casos. Se escapar dali, mesmo antes de se espalhar, só por atingir os tecidos vizinhos, a chance de cura cai para 35%”, ressalta.
O diagnóstico pode ser realizado através dos exames de toque retal e de sangue chamado PSA (Antígeno Prostático Específico).
“Com o toque retal o médico sente se há áreas endurecidas na próstata que é um órgão de consistência mole. Dessa forma, é possível perceber nitidamente quando se trata de hiperplasia, ou de áreas duras que sugerem a presença de câncer. Frente a esta situação e caso o PSA do paciente esteja elevado, fazendo-se suspeitar da presença de um tumor, o passo seguinte é realizar uma biópsia guiada pelo ultrassom, com sedação anestésica, para confirmar ou excluir a presença do tumor”, explica o urologista. Ambos os exames se complementam e garantem precisão de 94% no diagnóstico já que o de PSA apresenta falha em 20% dos casos.
Apesar da fase inicial ser silenciosa, alguns dos sintomas mais comuns são:
- Micção freqüente;
- Fluxo urinário fraco ou interrompido;
- Vontade de urinar frequentemente à noite (nictúria);
- Sangue na urina ou no sêmen;
- Disfunção erétil;
- Dor no quadril, costas, coxas, ombros ou outros ossos se a doença se disseminou;
- Fraqueza ou dormência nas pernas ou pés.
Formas de tratamentos
Ainda em relação ao PSA, o médico alerta que os índices elevados não indicam necessariamente a presença do câncer de próstata no paciente. “Alguns doentes com crescimento benigno da próstata e outros com pequenos focos de infecção nesse órgão (prostatite) produzem mais PSA do que deveriam”, afirma.
Sobre as formas de tratamento, Joaquim Miguel esclarece que atualmente existem diversas opções que podem ser discutidas com o paciente. “Com relação a cirurgia, sua realização pode ser feita de maneira convencional, ou também através de procedimento endoscópico. Outra opção é a radioterapia externa guiada por Ressonância Magnética. Outra forma de tratamento ainda em estudo, se refere ao ultrassom focalizado de alta intensidade (HIUF), que utiliza ondas sonoras de alta freqüência. Para os tumores que ultrapassaram os limites da glândula, as opções são a hormonioterapia e a quimioterapia”, finaliza.
(Jéssica Vitória)