Naviraí se transforma após adequação das contas públicas

Atual mandato equacionou finanças; e iniciou maior sequência de obras já vista na cidade

“Talvez, o maior dos desafios de um prefeito seja encontrar a simbiose perfeita entre manter um fluxo de caixa responsável entre faturamento e despesas e garantir a zeladoria do bem público, como as ruas, e mantendo os serviços que são essenciais para a sua comunidade, como boas redes de educação e saúde.”

Autor da frase, o professor Fernando Luiz Abrucio, chefe do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas, nunca foi a Naviraí. Mas o seu resumo ao O Estado sobre como deve ser a atuação de uma administração municipal se encaixa perfeitamente ao que aconteceu nos últimos quatro anos na cidade do Cone Sul de Mato Grosso do Sul.

Com quase 60 mil habitantes e considerado o sexto maior município do Estado, Naviraí é um exemplo de como uma boa gestão pode realizar transformações mais do que positivas para uma população. Em quatro anos, um trabalho sério realizado pelo mandatário José Izauri de Macedo (DEM), um advogado de formação que realizou seu primeiro mandato no Paço, levou a prefeitura de uma massa falida atolada em dívidas para um pólo de progresso. O Executivo municipal teve as contas equacionadas, investiu em infraestrutura, se tornou atraente para empresas e fomentou a geração de empregos.

Com as mudanças, o município se igualou economicamente a uma posição de destaque que já existia geograficamente: às margens da BR-163, é rota de passagem da região sul para todo o país e também para o Mercosul, com os vizinhos Paraguai e Argentina.

Casado, pai de dois filhos e com um neto, Doutor Izauri, como é chamado, nasceu no interior paranaense e chegou em Naviraí aos 15 anos. Depois de advogar por 36 anos, decidiu entrar na vida pública como forma de resgatar, acima de tudo, o orgulho de ser naviraiense. “Precisávamos colocar Naviraí nos trilhos. Era uma cidade endividada, com sérios problemas políticos, um cenário desfavorável”, explicou.

E o começo não seria dos mais promissores. Com menos de um trimestre de gestão, o vice, Sakae Kamitani, viria a falecer. Um precalço a mais em uma história que mostraria, em sua trajetória, “mostrar à população que é possível fazer política com decência, trabalhando com honestidade, ética, moralidade e aplicando de forma correta os recursos do município”, nas palavras do próprio Doutor Izauri.

Primeiro passo: acertar o caixa

Austeridade financeira. Um termo que com o passar do tempo flutuou entre o negativo (aumento de impostos) e positivo (ajuste da máquina pública). Mas que, mesmo com vaias e aplausos, se torna necessário para que uma administração se reconheça como boa.

Foi essa a principal ideia na cabeça de Doutor Izauri após assumir a prefeitura. A atitude era mais que necessária. Isso porque no dia 1º de janeiro de 2017, a dívida oficial de Naviraí beirava os R$ 15 milhões. Era hora de arregaçar as mangas.

“A gente iniciou a gestão encontrando uma situação bem complicada. Havia um endividamento do município que, só na ordem de débitos vencidos, beirava R$ 9,922 milhões”, explica o prefeito. Não era só isso. Entre os anos de 2016 e 2017, Naviraí teve queda do índice de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de R$ 1,89 milhão para R$ 1,68 mi. E no final do ano de 2017, foi observado uma queda de receita de R$ 5,5 milhões.

“Então a gente entrou no primeiro ano de gestão assumindo uma dívida de quase R$ 10 milhões e tendo uma queda de receita”, relembrou, de forma amarga, Izauri.

Começou, então, uma das maiores reformas fiscais do município. E que marcaria as mudanças pela qual a cidade passaria. “Considerando que até 2017 a receita estava inferior à despesa, iniciamos essas reformas fiscais através do enxugamento de contratos”, disse o prefeito.

Os cortes incluíram redução de custos contratuais de todas as ordens, até de programas de informática, de sistemas eletrônicos, além da redução de custos de consultorias e contratos de locação imóveis.

Um dos pontos sempre lembrados por quem busca equilíbrio financeiro são os cargos comissionados. Em 2016, eram 148 pessoas nessa condição. Agora são 103, com uma economia anual no período de R$ 2,7 milhões. “Fizemos uma redução e racionalização no custo de diárias e muitas outras medidas de economia, conseguindo saldar a dívida e trazer equilíbrio financeiro para a perda de receitas”, disse o mandatário municipal.

Acertados os primeiros alvos, foi hora de colocar em prática o recálculo das dívidas. Doutor Izauri e sua equipe conseguiram resultados importantes para o caixa público. No seguro da frota municipal, por exemplo, o valor caiu de R$ 401 mil pagos por seu antecessor para R$ 127 mil agora.

Um exemplo veio do refinanciamento promovido pela prefeitura em um empréstimo feito anos atrás para a construção do Conjunto Habitacional Harry Amorim. Verdadeira pedra no sapato nas contas no passado, virou solução para a equipe da prefeitura, que não só recalculou as parcelas pagas mensalmente de R$ 90 mil como descobriu que há muito os R$ 8 milhões devidos já haviam sido pagos. Resultado: devolução de R$ 807 mil aos caixas naviraienses.

“Três anos e nove meses depois conseguimos acumular um superavit financeiro da gestão de aproximadamente R$ 15 milhões. Esse foi o resultado de uma gestão que não subiu um centavo da carga tributária dos contribuintes e que, através de reforma fiscal profunda e eficiente, conseguiu encontrar o equilíbrio fiscal das contas do município”, apontou o prefeito.

Segundo passo: construir e transformar

O equilíbrio financeiro trouxe o valor que era dívida, R$ 15 milhões, em dinheiro livre para investimentos. Os resultados do investimento são visíveis no município. Em todas as regiões da cidade há equipes trabalhando no recapeamento e asfaltamento das ruas. Há também a adequação de calçadas e vias à acessibilidade e construção de vagas de estacionamento e ciclovias. Só no quesito de mobilidade, são 39 ordens de serviço assinadas com um investimento total de R$ 8 milhões, segundo a gerente municipal de obras Ana Paula Krambeck Silva Rocha. O déficit de asfalto foi praticamente zerado.

Ao todo, três bairros (Jardim Paraíso, Jardim Tarumã e Sucupira) tiveram suas vias completamente asfaltadas. Mais que isso, cerca de 900 quilômetros de estradas rurais tiveram manutenção, com cerca de 220 quilômetros recuperados e outros 47 quilômetros cascalhados para melhorar o tráfego.

Promessa antiga de campanhas na cidade, gerando até troca de agressões e ofensas em gestões anteriores, a ponte sobre o Córrego Cumandaí está em reta final e prestes a ser inaugurada, facilitando enfim o acesso entre os moradores dos bairros Cidade Jardim e Londres, além de facilitar o caminho à zona rural e à região do Porto Caiua. Hoje, o mesmo trajeto exige um desvio de cerca de cinco quilômetros, demandando tempo da população.

Na habitação, a prefeitura ampliou a rede local de esgoto, melhorou a iluminação pública nos bairros e entregou moradias aos montes: foram 800 no Conjunto Habitacional Nelson Trad e 120 nos dois Loteamentos Interlagos.

Na educação, além da construção de mais salas de aula e ampliação de escolas, houve reformas em dez escolas municipais, com modernização de acessos, pintura e melhora da energia elétrica, algo que não acontecia há seis anos. Segundo Doutor Izauri, a informatização chegou de vez, com a adoção do histórico escolar eletrônico, além do banco de vagas e equipamentos de robótica.

Com a saúde, a seriedade foi a mesma. A Farmácia Municipal foi remodelada, se tornando exemplo, com um amplo estoque de medicamentos. A construção da cozinha do Hospital Municipal está a todo vapor, assim como a reforma do centro para a realização de hemodiálise e contratação de mais médicos. Outra obra importante é a ampliação do Centro de Odontologia. E, claro, todos os prontuários passaram a ser informatizados.

Para o lazer dos naviraienses, são R$ 1,3 milhão investidos na retomada das obras do Complexo Esportivo. E, como homenagem a seu principal aliado, foi finalizada a construção da Praça Sakae Kamitani, um lugar amplo, agradável e que, com sua característica oriental, chama a atenção.

“Tudo o que nós fizemos até aqui foi por amor a uma cidade que cheguei adolescente, me casei, constitui família e criei meus filhos. Foi uma cidade onde exerci minha profissão por 36 anos, me proporcionou um crescimento pessoal, familiar e material e que nós estamos fazendo pelo município é uma forma de retribuição pela forma como fomos acolhidos, eu e minha família. É uma cidade que sempre nos proporcionou muitos motivos de alegria e realizações”, disse Izauri.

Terceiro passo: a confiança do setor privado

Em posição geográfica privilegiada e com um ótimo trabalho em execução, não tardou para que o setor privado virasse os olhos para Naviraí. Nos últimos quatro anos, segundo a prefeitura, foram abertas 756 empresas e 1.426 microempresas. Além disso, cinco universidades se instalaram na cidade.

Mesmo com a pandemia causada pelo novo coronavírus, Naviraí teve a abertura de 1.080 novos postos de trabalho ao longo do ano até setembro, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia). É o segundo maior desempenho do Estado, ficando atrás apenas da vizinha Dourados, com 1.911 novas oportunidades.

“Naviarí representa uma região geopolítica e econômica muito importante para o nosso Estado, o Cone Sul. Nós temos um consórcio formado por toda a região que congrega 14 municípios e que são todos vocacionados para o agronegócio. Nossa principal fonte econômica vem do agronegócio e das indústrias relacionadas a ele. Naviraí tem um comércio muito fortalecido, um cenário econômico muito importante”, analisou Doutor Izauri.

De fato, o agronegócio é o que dita a economia dos 319 mil hectares de extensão, assim como toda a logística que compõe a importância de Naviraí. E que aumentou depois da reabertura da Usina Rio Amambaí de Energia, durante a atual gestão, após ela ficar fechada por quase dois anos por conta da falência dos antigos administradores.

A presença da usina trouxe uma imensa nova gana de oportunidades para a indústria, fortalecendo o setor de hospedagem e alimentação, pelo simples fato de que Naviraí passou a ser destino importante de negócios na região.

O setor de construção civil foi outro a ter salto significativo, com abertura de diversas lojas de materiais para construção e aluguel de maquinário.

Com a população empregada, redes varejistas também decidiram, enfim, se instalar em Naviraí, levando à cidade bens de consumo antes só possíveis de serem conquistados pela compra on-line.

“Naviraí é um centro que recebe artérias viárias que vem do Norte do Brasil, que vem do Sul e que vem do Leste. É uma cidade que tem uma situação geográfica muito importante e que é de fato um centro natural de distribuição dos polos de serviços, setores da indústria e base para toda a região”, completou Izauri.

Parte da transformação, população apoia gestão

Parte fundamental do processo, a população de Naviraí observa com entusiasmo as transformações ocorridas nos últimos quatro anos, fazendo questão de elogiar a prefeitura pelo que vem observando.

Pegando remédios na Farmácia Municipal, um prédio de excelência, a empresária Sandra Ribeiro42 anos, é uma das moradoras que tecem elogios a Doutor Izauri. Segundo ela, a mudança no padrão de vida é visível após as obras realizadas.

“Impossível não elogiar a atual gestão. Olha só esse prédio. Nunca tivemos algo parecido assim antes. Moro aqui há 38 anos e desde que houve a inauguração, nunca faltou remédio”, disse, elogiando também outros aspectos. “Basta andar pela cidade para observar as ruas como estão, os trabalhos, o cuidado. Naviraí hoje é uma cidade perfeita para se morar.”

A dona de casa Maria Aparecida Soares, 44 anos, é outra entusiasta. Do portão da casa da filha, ela observa o maquinário realizar o recapeamento da rua. “Nunca vi isso acontecer antes e olha que esperamos nos mais de 20 anos que moramos aqui. Sempre que pedíamos pela melhora do asfalto os prefeitos anteriores mudavam de assunto. Era uma buraqueira só. Agora não”, disse.

A também dona de casa Mariangela Corin, 45 anos, também aguarda com ansiedade um sonho de infância: ter sua rua, no bairro Paraíso, asfaltada. Por enquanto, as máquinas preparam o piso de barro para receber o aguardado pavimento. “É um sonho”, disse.

“Todo o trabalho que nós fizemos, com moralidade e ética durante todo esse tempo também se deveu por honrar os votos que recebemos, todo esse trabalho foi dedicado a uma população que me acolheu e os eleitores que acreditaram que esse nosso projeto poderia ser vencedor e de resultado para a cidade”, disse Izauri. Veja mais.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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