Atacadão havia passado por vistoria dos bombeiros no fim de agosto

Empresa afirmou que ainda não decidiu o futuro da loja

A loja do Atacadão, na avenida Duque de Caxias, que pegou fogo no fim da tarde de domingo (11), teve o certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros Militar renovado no dia 27 de agosto. A retomada da venda de álcool líquido 70º em supermercados, liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março deste ano devido à pandemia do novo coronavírus, pode ter contribuído para que o incêndio tomasse proporções tão grandes. O incêndio já é considerado o maior ocorrido em Campo Grande.

O incêndio, de acordo com o Corpo de Bombeiros, é o maior já ocorrido em estruturas físicas na Capital. Até então, o incêndio da loja Planeta Real, no dia 7 de março de 2013, era tido como o maior. A estrutura do prédio está comprometida. Algumas partes do teto já cederam e, segundo os bombeiros, são as prateleiras do supermercado que estão ajudando a segurar o restante da estrutura.

O Corpo de Bombeiros e a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informaram que os documentos necessários para o funcionamento da loja, que foi inaugurada em 2012 e contava com 287 colaboradores, estavam em dia. O Atacadão informou, por meio da assessoria de imprensa, que todos os funcionários serão remanejados para as outras duas lojas existentes na Capital. Por enquanto, não há planos para reconstrução da loja.

Até o fechamento desta edição, a perícia ainda não havia entrado no prédio. O combate às chamas começou às 17h06 de domingo, quando a primeira viatura do Corpo de Bombeiros chegou ao local. Antes, a brigada de incêndio do próprio supermercado tentou controlar as chamas, mas não conseguiu.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a água saindo da mangueira quase sem pressão. Conforme o tenente-coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros, a empresa informou que o equipamento, no momento do vídeo, não havia sido acionado completamente. Porém, teria funcionado, em seguida. “O vídeo é muito curto. Ainda não dá para saber exatamente o que aconteceu”, afirma.

As imagens também mostram que o fogo começou próximo à prateleira com álcool. Desde março deste ano, a Anvisa liberou a comercialização em supermercados de álcool líquido 70º. Um frasco do produto já seria suficiente para causar estragos, segundo os bombeiros. “No local em que pegou (fogo), ajudou na propagação rápida. Se tivesse começado no papel higiênico, por exemplo, não teria propagado tão rápido”, ressaltou Carminati.

Apesar das causas do incêndio ainda não terem sido apontadas, outro fator que pode ter contribuído foi a temperatura ambiente. No domingo, Campo Grande registrou 37,9ºC, com sensação térmica de 46ºC e umidade relativa do ar de 10%. Os dados são do meteorologista Natálio Abrão, da Uniderp.

O professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e engenheiro eletricista, João Onofre Pereira Pinto, explica que, dependendo do projeto, a rede elétrica pode sofrer interferência da temperatura ambiente, o que causaria um curto-circuito. A causa real, porém, só deve ser conhecida após a perícia ser feita no prédio.

“Quando tem um eletroduto, a quantidade de fios que a gente coloca lá dentro é importante ser bem projetada. Senão, a temperatura pode ser elevada acima do que deve, dá curto, solta faísca e o resultado pode ser catastrófico”, explicou o professor.

Revesamento entre os militares

O maior incêndio até então visto em Campo Grande mobilizou 50 militares e 14 viaturas dos bombeiros. Além disso, a Infraero, Águas Guariroba e o Exército ajudaram as equipes de combate ao fogo. Com caminhões pipas, eles ficaram responsáveis por buscar águas nos hidrantes da região. De acordo com os bombeiros, a estrutura do prédio está colapsada. Ou seja, pode cair a qualquer momento. Por isso, desde as 3h desssa segunda-feira, o combate às chamas é feito da parte externa.

Metade dos militares que atuaram no incêndio estavam de folga e foram chamados para ajudar. Quem esteve na linha de frente, agora, passa a ser monitorado pela corporação. “Nós fazemos o monitoramento para ver se vão apresentar algum problema relacionado ao incêndio, como por exemplo, intoxicação por ter inalado muita fumaça”, explicou o tenente-coronel Fernando Carminati.

(Texto: Rafaela Alves)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *