Setembro Amarelo: Mês de combate ao suicídio

Falar sobre angústias, medos ou experiências ruins, sem nenhum tipo de julgamento, evita sofrimentos e permite o autoconhecimento

O assunto que já foi um tabu muito maior, ainda enfrenta grandes dificuldades na identificação de sinais e a busca por ajuda, justamente pelos preconceitos e falta de informação. Setembro é o mês mundial de prevenção ao suicídio, campanha mais conhecida como Setembro Amarelo.

A cor foi escolhida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscarem ajuda. A implantação do setembro amarelo tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do tratamento, como explica a coordenadora do curso de Psicologia da Uniderp, Gislene Pereira.

“Um aspecto que deve ser considerado sobre levar informação do tema e conscientizar a população é criar condições para que possam ajudar quem pensa no suicídio. Este é um transtorno mental, em que a pessoa perde a condição de crítica e de avaliação da situação, sem conseguir pensar em soluções. Por isso, o apoio torna-se tão relevante. A campanha dá maior visibilidade à causa, mas é necessário buscar informação e ajudar aqueles que precisam durante o ano inteiro”, afirma.

De acordo com dados da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos e segundo o Ministério da Saúde, mais de 96% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais, depressão, transtorno bipolar ou abuso de substâncias. Números que colocam essa entre as três principais causas de morte de pessoas entre 15 e 29 anos no mundo.

Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais da metade de todas as pessoas que cometem suicídio têm menos de 45 anos. Para diminuir essas estatísticas, o diálogo sobre o tema é fundamental. “As pessoas com ideação suicida precisam verbalizar o que estão sentindo. Existe um tabu de que falar sobre o tema pode de alguma forma estimular a pessoa a tirar a própria vida, mas o suicídio tem etapas: a ideia, o planejamento e, depois, a ação. Então é benéfico que as pessoas tenham espaço para falar sobre o sofrimento, pode trazer alívio e conforto. Lembrando que também é necessário procurar ajuda especializada para acolher e encaminhar o tratamento”, orienta.

Gislene explica que pessoas próximas podem desempenhar um papel positivo na prevenção ao suicídio. “Os familiares e amigos precisam procurar compreender o suicídio e entender que a pessoa está passando por sofrimento psíquico. É importante conhecer as formas de ajudar e encaminhar para tratamento profissional. É complexo auxiliar aqueles que estão com o pensamento de suicídio e, por esse motivo, as pessoas próximas também precisam estar bem e amparadas”, revela.

A importância da terapia na depressão

Quem teve um episódio de depressão provavelmente terá outro em algum momento. No entanto, a terapia pode diminuir a chance de isto acontecer ou reduzir a intensidade dele. Falar sobre angústias, medos ou experiências ruins, sem nenhum tipo de julgamento, evita sofrimentos e permite o autoconhecimento.

“A psicoterapia auxilia para que a pessoa em sofrimento psíquico possa ressignificar as situações de vida. Falar sobre o que está sentindo fará com que elabore as situações de vida. É importante considerar as peculiaridades das pessoas, seu momento de vida, as causas do sofrimento. A psicoterapia é um processo de longo prazo e, para que a pessoa em depressão permaneça em tratamento, faz-se necessário uma rede de apoio”, explica.

Um dos maiores riscos de suicídio é a depressão. E o maior indicador da ideação suicida parece ser a desesperança. Qualquer indivíduo, mesmo levemente deprimido, pode cometer suicídio na tentativa de buscar alívio ou solução de seus problemas, escapar das adversidades do mundo ou da sensação de impotência diante de obstáculos cotidianos. “Percebemos um crescente número de pessoas que, a partir da aposentadoria, não conseguem reorganizar suas vidas e não veem mais sentido em viver. O mercado de trabalho, cada vez mais estressante, exigente e desafiador, está levando as pessoas ao Burnout, o que também tem sido causa de suicídio”, expõe.

A avaliação psicológica e psiquiátrica, são fundamentais para o direcionamento do tratamento. O diagnóstico deve ser realizado com muito cuidado. “O antidepressivo, prescrito pelo médico, produz, em geral, um importante alívio da maioria dos sintomas depressivos, como a tristeza, a angústia, a diminuição da energia, a falta de concentração, o desinteresse, as alterações do sono e do apetite, e as ideias negativas. Em certos casos é necessário aliar a medicação antidepressiva com medicamentos específicos para a ansiedade. A psicoterapia é indispensável no tratamento”, elucida.

Sinais da depressão

Os sintomas são muito parecidos em todos os casos de depressão. Muitas pessoas não falam sobre a ideação suicida, elas modificam o comportamento, as atitudes e, por isso, é muito importante o olhar de quem está por perto, o acolhimento, a busca por ajuda.

“Há casos em que a pessoa pode relatar seu desejo de morrer num esforço de ser ouvida e compreendida. Não se pode jamais ignorar esse chamado, esse grito de ajuda que, muitas vezes, pode se tornar real. Caso as pessoas próximas não estejam conseguindo auxiliar, devem solicitar ajuda. A família também precisa de apoio, informações e cuidado”, finaliza.

 

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