Sem emprego formal muitos criam coragem para investir em meio à pandemia com bons resultados
O universo total de microempreendedores em Mato Grosso do Sul cresceu 7,9% nos últimos cinco meses, período em que o Brasil vem enfrentando os efeitos da pandemia do novo coronavírus. No mês passado o
Estado somava 151.593 micro registrados, diante de 140.377 de março. Já em relação ao mesmo mês de 2019, o avanço é de 19,1%. Além desse aumento no total de empresas, houve também um crescimento do número de pessoas que estrearam neste mundo. Somente de abril a agosto no Estado foram 13.370 novos empreendedores, índice 6,7% superior ao mesmo período do ano passado.
Criado como figura jurídica há mais de dez anos, o MEI nasceu para incentivar a formalização de pequenos negócios e de trabalhadores autônomos. Podem aderir ao programa os negócios que faturam até R$ 81 mil por ano (ou R$ 6,7 mil por mês) e têm, no máximo, um funcionário.
Os reflexos da pandemia foram sentidos em todos os segmentos econômicos e no varejo não foi diferente. De acordo com o último balanço mensal divulgado pela Jucems (Junta Comercial do Estado de MS), em julho 419 empresas foram extintas em todo o Estado, maior número desde julho de 2018 (438 empresas). Do outro lado da moeda, a instituição revelou ainda que, no mesmo período deste ano, pelo menos 873 empresas foram constituídas, maior número em toda a série histórica. Para especialistas, tais resultados representam na retomada gradual das atividades econômicas do Estado e mesmo com o alto número de encerramentos já é possível afirmar que o “pior já passou”.
Questionado, Norman Kallmus, economista da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), destaca que o fim de empresas como a Etna, que ganhou destaque nos últimos dias, não deve ser relacionado com os reflexos da pandemia, exclusivamente no Estado, e completa que, mesmo que o número de empresas extintas esteja em aumento, traços como a aceleração de investimentos e a criação de novos empreendimentos confirmam a retomada.
“A Etna temos de levar em consideração que é uma empresa importante que faz parte do grupo Vivara, especializado na comercialização de joias, setor este que foi muito impactado pela pandemia na Capital. A Etna acho pouco provável que ela tenha problemas, já que a área com cuidados com o lar cresceu muito neste período. Estou muito otimista em relação ao que vai acontecer a partir de agora, temos sinais como investimentos sendo preparados, o crescimento da economia vai ser muito rápido”, comemorou.
Pesquisa realizada pela Associação Comercial revelou que 51,2% dos entrevistados enxergam uma estagnação do seu negócio pelos próximos 12 meses, ao passo que 31,7% acreditam em crescimento, 14,6% acham que vão retroceder e 2,4% admitem pensar no fechamento da empresa. Sobre o cenário econômico, 51% acreditam que o mercado deve levar até um ano para retomar à normalidade; para 45% dos pesquisados, a retomada plena da economia deve ocorrer entre um e cinco anos, e para 3%, a perspectiva de normalidade vai ocorrer somente em 2026.
Para Kallmus, os próximos meses serão marcados por uma economia estruturada, diversificada em termos de mercados e bem distribuída, por meio do fortalecimento do comércio nos bairros, onde os microempreendedores estão investindo e gerando bons resultados.
“Na geração de empresas falamos de microempresas formadas principalmente por aqueles que estão desempregados e aplicaram os recursos em um negócio próprio. Vale lembrar, que de forma geral os riscos de mercado são grandes pois muitos não possuem conhecimento sobre esses empreendimentos, mas a perspectiva ainda mais com a tendencia do fortalecimento do mercado nos bairros que está muito fortalecido e de que continue forte no pós pandemia”, pontuou.
Apoio ao MEI
O Sebrae criou uma página em seu portal, totalmente dedicada aos microempreendedores individuais. Nesse espaço, os MEI podem saber mais sobre o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal, sobre as linhas de crédito disponibilizadas especificamente para eles.
(Texto: Rosana Siqueira)