O polivalente professor universitário, roteirista de filmes da Astaroth Produções e escritor Ramiro Giroldo está com a pré-venda do seu primeiro livro de ficção disponível. A obra “Red Hookers” foi inspirada no curta homônimo de 2013, dirigido por Larissa Anzoategui, e roteirizado por Ramiro Giroldo. O filme foi protagonizado por Monica Mattos.
Embora de baixo orçamento, o curta teve ampla circulação em festivais e mostras de cinema nacionais e internacionais: fez parte da seleção oficial de eventos no Brasil, na Argentina, no México, na Colômbia e nos Estados Unidos. O ponto alto de sua participação no circuito de festivais foi no H.P. Lovecraft Film Festival de 2014, sediado em Portland, nos EUA.
Na sinopse do livro, Karen, uma ordeira universitária, primeiro viu sua irmã ceder ao vício químico e à perigosa vida nas esquinas da prostituição. Depois, algo pior a pegou: um segredo ancestral, oculto por sombras de onde se estendem tentáculos pegajosos e espreitam seres mais velhos que a humanidade. Karen, contudo, está determinada a resgatar a irmã das garras do culto que, em algum lugar da Rua Augusta, habita a boate Red Hookers. Em seu caminho, intrometem-se terríveis arcanos de horror e prazer, rompendo-lhe os limites da sanidade.
Ramiro contou com exclusividade para o caderno Artes&Lazer, do jornal O Estado, detalhes sobre o que está disponível para pré-venda. “‘Red Hookers’ é meu primeiro livro de ficção. O título do romance, ‘Red Hookers’, faz uma brincadeira com um conhecido conto de H. P. Lovecraft, ‘Horror em Red Hook’. Meu romance se apropria nos seus próprios termos da mitologia criada pelo autor e compartilhada por diversos outros. Tenho um livro anterior de teoria e crítica literária publicado pela Editora da UFMS em 2013, chamado Ditadura do Prazer: sobre ficção científica e utopia.”
As influências do autor são várias. Elas contam com grandes nomes da literatura de horror tanto internacionais, como escritores nacionais e também, é claro, com o cinema. “Além de Lovecraft, que deixa sua marca já no título desse meu primeiro romance, eu citaria outros autores expressivos de horror, como Ramsey Campbell, Ray Garton, Clive Barker, Graham Masterton e, claro, Stephen King. Entre meus compatriotas, referências obrigatórias são nosso maior escritor de feição pulp, R. F. Lucchetti, e Álvares de Azevedo. Meu horror tem muito a ver com o que se popularizou nos anos 80, tanto na literatura quanto no cinema.”
Questionado sobre as diferenças textuais entre roteirizar filmes e escrever um romance, o autor apresenta as particularidades de seus trabalhos e deixa clara a paixão pelo que faz. “Primeiramente, há uma diferença basilar de gênero textual. O roteiro tem suas especificidades formais que precisam ser manejadas de maneira muito consistente – caso contrário, não vai ser compreendido da mesma maneira por todas as pessoas da equipe que vai cuidar de cada aspecto do filme. Ele precisa ser claro; em certa medida é um manual para a realização de um filme, e um manual não pode ser confuso.
Na escrita de um romance, conto ou novela há uma abertura maior nesse sentido: a linguagem pode ser mais opaca e a superfície do texto pode se abrir para uma maior ambiguidade. Como produzo e escrevo filmes de horror de baixo orçamento, essa é uma limitação que não tive na escrita do romance. Não há limite de orçamento nele: pude escrever cenas com cenários amplos e vários figurantes, por exemplo. Há outras diferenças, mas para mim nos dois casos se trata de contar uma história que busca engajar o público. E minha paixão pelo terror aparece na mesma medida em ambos.”
Ramiro explica a abrangência que o romance pode alcançar. “O livro é inspirado no curta de 2013 que escrevi e a Larissa Anzoategui dirigiu. Não é uma adaptação. Embora eu estivesse satisfeito com a maneira como a história se desenrola no curta, sempre achei que ela poderia ter mais estofo e ir para outros lugares – algo que não poderia acontecer em um filme de 18 minutos. O romance surgiu dessa percepção minha.”
O mercado de literatura de horror/terror tem ganho muitos fãs consumidores de livros do gênero, tanto é que a editora especializada, Dark Side, tem publicado ótimos títulos e cresce no mercado nacional, onde livrarias tradicionais não têm resistido à crise. Ramiro comentou o momento para o estilo. “Embora o nosso mercado não seja amigável, o terror é um gênero que encontra seu espaço em qualquer época e em qualquer lugar. Não é diferente agora.”
Incansável, Giroldo já tem novos trabalhos engatilhados. “Em outubro um conto chamado ‘Dois Males’ vai ser publicado em uma antologia chamada ‘Pandemônio’ – também da Editora Cabana Vermelha. Tenho outros textos longos em fase de finalização e prestes a serem encaminhados. Não vai faltar coisa minha para ler. No cinema, enfim estamos a finalizar a versão que vai para os festivais (e para o mercado) do longa ‘Domina Nocturna’, dirigido e interpretado pela Larissa Anzoategui.”
Para quem quiser adquirir a obra, o livro está em pré-venda no site de sua editora, a Cabana Vermelha. Posteriormente, estará disponível em todas as grandes livrarias do país em formato físico e digital.
(Texto: Marcelo Rezende/Publicado por João Fernandes)