Em momentos de incerteza como o atual, é totalmente esperado que consumidores fiquem mais cautelosos e se preocupem mais com suas economias. Esse movimento é visto no mundo todo e é tecnicamente chamado de entesouramento.
Muitos trabalhadores, sobretudo informais, ficaram sem fonte de renda durante a pandemia, o que tornou os pagamentos essenciais para atender necessidades básicas desse grupo mais vulnerável.
Até eles, porém, têm segurado esse dinheiro em algum grau, segundo a diretora de administração do BC, Carolina de Assis Barros, durante coletiva de imprensa para apresentação da nova nota na quarta-feira, 29.
Neste sentido, explica o BC, notas de valores mais altos, como a de R$ 200 anunciada ontem de surpresa pela autarquia, permitem que as pessoas saquem valores maiores com a emissão de menos papel. Saques maiores significam mais dinheiro em circulação.
A crise fez o valor em circulação disparar, o que acendeu um sinal de alerta na autoridade monetária, que viu o risco de faltar dinheiro em circulação. Hoje, o montante é de R$ 342 bilhões, bem acima da média histórica de menos de R$ 300 bilhões, como mostra o gráfico a seguir:
O empoçamento de dinheiro entre os beneficiários do auxílio, segundo o economista Arthur Mota, ocorreu até inicio de maio, talvez, por uma questão física: “Estava tudo fechado, e o papel moeda precisa do veículo físico para rodar”, diz.
Agora, porém, o cenário já está fluindo melhor: “O pessoal que recebe o auxílio tem uma elasticidade-renda muito alta, qualquer ganho adicional vira uma boa parcela de consumo”, diz.