Hospitais podem enfrentar deficit de profissionais

Número crescente de internações está forçando unidades a adaptarem estratégias para gerir vagas, que foram ampliadas

O avanço da COVID-19 em Campo Grande provocará um novo desafio para os hospitais da cidade: a eventual falta de profissionais especializados no atendimento em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A Capital, que se configura como epicentro da doença no Estado, possui 8.881 casos de coronavírus, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde).

A taxa de ocupação de leitos de UTI para a macrorregião é de 96%, e 41% dos pacientes internados possuem o vírus. Com a alta crescente dos casos, o maior hospital do Estado, a Santa Casa, e o hospital de referência no enfrentamento ao novo coronavírus, o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), estão próximos de alcançar sua capacidade máxima de expansão, já que ambos passaram por esse processo nos últimos meses.

Em coletiva de imprensa nessa segunda-feira (27), o superintendente de Gestão Médico-Hospitalar da Santa Casa de Campo Grande, Luiz Alberto Kanamura, já havia adiantado que a instituição alcançou seu limite máximo de instalação de novos leitos.

Foram ativados 20 leitos na Ala de Trauma e outros 10 leitos implementados exclusivamente para auxiliar o HRMS no tratamento de pacientes positivos para COVID-19. Além dos equipamentos necessários para que uma unidade possa funcionar, a infraestrutura humana também já se encontra no limite.

Conforme a instituição, as UTIs da Santa Casa são compostas por uma equipe multiprofissional que reúne médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos na assistência integral aos pacientes. O quadro de profissionais é baseado no quantitativo de dez leitos. Então, para cada dez leitos de UTI, em um período de 24h, atuam dois médicos plantonistas, um médico diarista, seis enfermeiros, quatro fisioterapeutas, uma nutricionista, uma psicóloga e a cada dois leitos um técnico em enfermagem. São necessários, ao todo, 20 profissionais. No momento, a taxa de ocupação dos leitos de UTI adultos segue em 100% no hospital.

No caso do HRMS, diferente de muitos hospitais do Estado, a unidade possui um número relevante de médicos intensivistas que seguem um protocolo publicado pela Amib (Associação de Medicina Intensivista Brasileira). De acordo com a diretora-presidente do HRMS, Rosana Leite de Melo, a normativa permite que os hospitais trabalhem com leitos de UTI de uma forma mais flexível por conta do momento excepcional provocado pela pandemia.

Com isso, na prática, seria de uma pequena expansão no número de leitos atendidos por equipe, mas ainda limitado. “Nós recebemos a autonomia para transmitir ao paciente todo o cuidado necessário, sem precisar seguir as regras para montagem de leitos, apesar de conseguir mantê-las com o apoio da Sesau [Secretária Municipal de Saúde Pública]”, assegurou.

Mesmo com essa flexibilização nas normativas no que corresponde à atuação humana, a implantação no número de novos leitos é limitada. No início das medidas de combate ao vírus, em março, o hospital contava com 36 leitos de tratamento intensivo. Após a implantação de 51 leitos, a unidade soma 87, sendo quatro doações do Frigorífico JBS, mas que ainda precisam de algumas peças para funcionar 100%.

Ainda estão sendo contratualizados mais 14, finalizando com 101 leitos para pacientes críticos, a capacidade máxima que o hospital pode suportar. “A capacidade será mais esses 14 que a SES tem contratualizado, além disso já não temos a capacidade física, pois também não terá nem mesmo espaço para implantar esses leitos”, ressaltou Rosana.

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(Texto: Mariana Moreira e Amanda Amorim/Publicado por João Fernandes)

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