‘Imunidade de rebanho não é adequada’, diz infectologista

Estratégia visa a parte da população infectada para adquirir anticorpos e deixar de transmitir o coronavírus

Nos últimos dias, o Brasil ultrapassou a marca de dois milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde, são 2.098.389 casos confirmados e 79.488 mortes pela COVID-19. Em decorrência do crescimento de casos, um método controverso passou a ser considerado pelos gestores do país, a imunidade coletiva, também conhecida como “imunidade de rebanho”.

Trata-se de uma dinâmica em que uma parcela significativa da população é infectada e naturalmente desenvolve uma defesa contra o vírus, e como consequência a doença não consegue se propagar, uma vez que a maioria das pessoas se torna imune. Em contrapartida, o recurso tem um alto custo humano, e, segundo o pesquisador e infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, essa não é uma estratégia que deve ser adotada por nenhum gestor público.

O pesquisador afirmou que a imunidade de rebanho vai levar a um excesso de número de mortes, a uma falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e, portanto, muita gente morrendo sem necessidade.

“Não é uma estratégia, não é um método, é uma constatação que ocorreu em outras cidades que não souberam lidar adequadamente com a pandemia da COVID-19. Podemos elencar Manaus [AM], Belém [PA], Fortaleza [CE], Natal [RN], Rio de Janeiro [RJ], que tiveram excesso de óbitos, justamente porque não adotaram as medidas de distanciamento social”, frisou Croda.

Conforme o infectologista, Mato Grosso do Sul está bem distante de alcançar o patamar de 60% de contágio e imunidade, defendido por especialistas. “O último inquérito deu menos de 3% de soroprevalência em Dourados, que era a cidade que tinha a maior porcentagem de casos positivos. Nós ainda vamos levar muito tempo com a circulação viral e já estamos com as nossas UTIs sobrecarregadas, [a imunidade coletiva] não é uma estratégia adequada, é necessário que se monitore o percentual da população que adquiriu o vírus justamente para entender o momento exato de flexibilizar”, reiterou.

Croda ressaltou que o controle natural da doença é para os casos em que entre 15% e 20% da população tenha contraído o vírus; “fora isso, temos de manter o distanciamento social, não tem outra opção”.

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(Texto: Mariana Moreira/Publicado por João Fernandes)

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