Promotoria denuncia delegado preso em operação contra milícia

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) decidiu denunciar o delegado Márcio Shiro Obara por porte ilegal de arma e munição de uso restrito após o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) encontrar com ele um fuzil e cerca de 800 munições correspondentes no dia 18 de junho. Nessa data, ele foi preso na terceira fase da operação que busca desmantelar a atuação de um grupo de extermínio no Estado.

A decisão do promotor Sílvio Amaral Nogueira, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande, foi publicada quase na madrugada do sábado (4). Para complicar a situação do delegado, sua versão para a posse do armamento difere, e muito, do falado por seu advogado.

De acordo com o processo, Obara prestou depoimento formal no dia 26 de junho. Sobre o fuzil, disse que teve contato com a arma de grosso calibre há dois ou três anos durante capacitação oferecida pela Polícia Civil a agentes da região de Ponta Porã. O fuzil estava com problemas e ele trouxe a Campo Grande para manutenção, a pedido do então delegado de Amambai, Milkaill Faria. Primeiro, Obara disse ter deixado o fuzil nas delegacias por onde passou. Mas, por fim, decidiu levar para casa e fazer a manutenção no feriado de Corpus Christi.

O problema é que, antes desse depoimento, o advogado de Obara, Ronaldo Franco, disse que o fuzil havia sido apreendido em Amambai como prova de um caso de homicídio. “O delegado local requisitou à Justiça que ficasse em poder da Polícia Civil. Enquanto não há decisão final, o fuzil foi entregue ao delegado Obara, que esteve em Amambai durante instrução de tiros. Pegou o fuzil para dar manutenção e verificar se ainda estava apto. Enquanto o juiz analisa a entrega definitiva do fuzil. Não é uma arma clandestina”, disse o defensor.

O delegado também citou que todas as munições apreendidas têm origem legal, sendo recebidas do Exército, Forças Armadas, Instituto Militar e também da polícia para instrução de tiros e atividade profissional. De acordo com ele, as munições foram repassadas pelo Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) porque foram submetidas a umidade excessiva no depósito, não sendo indicadas para uso em atividade, mas eram utilizadas em ambiente controlado durante treinamento.

Trabalhando agora na Capital, Faria confirmou à Corregedoria da Polícia Civil o repasse do fuzil em setembro de 2018 na condição de Obara ser instrutor de tiro da academia do órgão. Desde então, os responsáveis pelo treinamento dos policiais alegam que não repassaram nenhuma munição ao delegado.

Obara teve o pedido de prisão preventiva pedida pelo Gaeco por suspeita de receber dinheiro da milícia comandada pelo empresário Jamil Name e seu filho, ambos presos na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), para ocultar provas e não investigar os assassinatos cometidos pela quadrilha, já que era responsável pela Delegacia de Homicídios. No momento da prisão, o delegado estava no 2º DP.

Segundo os promotores, ele teria recebido R$ 100 mil para não investigar a execução do policial militar aposentado Ilson Martins de Figueiredo, em junho de 2018, além de atrapalhar outras investigações.

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(Texto: Rafael Ribeiro/Publicado por João Fernandes)

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