Ex-superintendente do INCRA em MS fala sobre “rasteira”

Depois de missão cumprida, Antônio de Castro Vieira fala sobre gestão de nove meses a frente de superintendência

O telefone não tocou, nenhuma mensagem chegou, e Antônio de Castro Vieira precisaria ser “advinho”, para saber que seria exonerado do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em 2 de julho. Ali, se completava um ciclo de nove meses à frente da superintendência do órgão em Mato Grosso do Sul, tempo que o trabalho de campo da chefia dessa unidade só teve uma preocupação, reorganizar dados, aumentar a interação com os assentados e sobretudo humanizar o atendimento.

“É o meu jeito de trabalhar, sempre foi! Baseado no convívio com as pessoas, em ouvir, em atender bem, eu, ou qualquer um da minha equipe. Foi assim que, neste período, evoluímos na relação com as 32 mil famílias assentadas, nos 195 projetos de inclusão à agricultura familiar no Estado. Algo que viabilizou às pessoas mais acesso a crédito, aumentou a regularização de lotes, a emissão de documentos e também a titularização de terras”, diz Vieira, conhecido por todos também como Badú, apelido que ganhou na época de bancário.

Uma carreira que ele teve trajetória de três décadas, com passagem em nove cidades de Mato Grosso do Sul, o que lhe deu um conhecimento do interior diferenciado. Um portfólio de relações que o permitiu ser decisivo na reeleição de Luiz Henrique Mandetta a deputado federal em 2014.

“Somos amigos. Participar daquela campanha, foi por meio de um convite, uma convocação do Seu Hélio, e o apoio fora da Capital determinou muito a vitória do Mandetta. Depois veio em 2018, a eleição da Tereza Cristina, e um pouco antes disso a nossa contribuição no IBAMA, também com viés técnico”, cita Badú.

Ex no INCRA, ele passou por 23 meses superintendente na regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, em Mato Grosso do Sul, quando também saiu por retaliação política. Porém, na exoneração de 2020, mesmo depois de uma conversa com a ministra Tereza Cristina, após o desligamento, um misto de mágoa e esperança, no sentimento de dever cumprido.

“Do INCRA me senti realmente traído. Foi sorrateiro, não me avisaram, foi uma surpresa da politicagem. Havia um trabalho em curso que segue, e torço para que dê certo. Por uma reforma agrária mais técnica, mais tecnológica, mais moderna e mais humana. Se preceitos assim forem adotados na prática teremos a melhor e mais eficiente agricultura familiar do mundo”, fala o gestor que na passagem desse ciclo, recorde na emissão de autorizações de uso da terra, de declarações de aptidão e de liberação de créditos a assentados. Só no orçamento da superintendência, o trabalho resultou em um aumento de 1700%.

(Texto: Danilo Galvão)

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