A ideia da criação da primeira Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) em Mato Grosso do Sul, passou para um simples pedido de instalação de um Núcleo de Atendimento à Intolerância e Crimes Raciais, dentro da Casa da Mulher Brasileira. A jornalista Marinalva Pereira, que está a frente desse Projeto, protocolou nesta quarta-feira (24), na Prefeitura de Campo Grande, um requerimento solicitando apoio à essa iniciativa.
Na semana passada havia sido protocolado na sede da OAB-MS (Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Estado), um pedido para a abertura da Delegacia no Estado. Tendo em vista o momento crítico que o mundo inteiro está passando por conta do novo coronavírus (covid-19), Marinalva optou por pedir ao prefeito Marquinhos Trad, apenas a criação do Núcleo dentro da Delegacia da Mulher, em Campo Grande.
Marinalva teve a ideia de instituir o Núcleo, após perceber que ela servia como ‘ponte’ de informação sobre o assunto para várias pessoas. “Comecei a amadurecer essa ideia que em um primeiro momento foi negada e hoje não vejo problema em ter uma delegacia em meio há tantos problemas raciais que temos”.
O governador Reinaldo Azambuja sancionou em setembro do ano passado, a lei que estabelece punições administrativas a serem aplicadas pela prática de atos de discriminação racial.
“Infelizmente o brasileiro só aprende quando a lei obriga. A lei é fundamental para as pessoas que não tem medo. A lei do racismo existe, mas só vai funcionar se tivermos uma equipe para ajudar”, enfatizou.
No documento enviado ela diz que todos são iguais, “sem distinção de cor, raça ou religião e, para isso, é imprescindível um órgão de controle e auxílio no caso de crimes como os explanados”.
Dados mostram diferença entre população negra
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a taxa de analfabetismo em 2016 dos brancos era de 4,2% contra 9,9% dos negros. O índice de crianças negras entre 5 e 7 anos trabalhando nesse mesmo período foi de 63,8% e o de pessoas brancas, de 35,8%.
(Texto: Izabela Cavalcanti)