Apesar de Campo Grande ser considerada uma das capitais com os menores índices de contágio e internação por coronavírus, a situação pandêmica ainda considerada sob controle pode mudar drasticamente nos próximos dias. O aumento de casos e a consequente internação levou o governo do Estado a anunciar o funcionamento da estrutura de campanha, instalada no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), mas a medida está sendo adiada com a transferência de passageiros para outras unidades da Capital.
A estratégia visa impedir a sobrecarga do hospital de referência no tratamento à COVID-19, deixando-o livre apenas para esses pacientes. Foram 13 transferidos para a Santa Casa e o HCAA (Hospital de Câncer Alfredo Abrão). Ainda assim, a previsão é de que o hospital de campanha seja acionado até quarta-feira (24), já que, até a tarde de ontem (22), eram cerca de 238 leitos ocupados. O Hospital de Campanha conta com 144 leitos instalados em unidade anexa ao HRMS, além de 125 respiradores artificiais para serem usados durante a crise. Segundo a diretora-presidente do Hospital Regional, Rosana de Melo, na tentativa de evitar uma sobrecarga na unidade, 13 pessoas foram transferidas para outras duas unidades e nem todas eram pacientes de COVID-19.
A estratégia das transferências deve se manter. “É um acordo que nós temos com a secretaria municipal de Saúde para tentar deixar o HR como exclusivo [para o novo coronavírus], mas sabemos que não tem como”, comentou. Em função disso, o hospital de campanha funcionará com leitos de retaguarda, para casos leves relacionados à COVID-19. “Quando falamos casos relacionados, nos referimos aos casos de SRAG [síndromes respiratórias agudas graves], pois percebemos o crescimento dessas internações no hospital e no país como um todo”, pontuou.
Conforme a diretora-presidente, o perfil de pacientes a serem atendidos na unidade anexa engloba ainda outras doenças consideradas de grau mais leve.“Este é o perfil de pacientes que provavelmente ficarão no hospital de campanha, pessoas com SRAG ou algum outro caso. Nós não podemos dar alta para um paciente idoso com infecção urinária, por exemplo, ele é um paciente com uma complexidade baixa, então ficará no hospital de campanha longe do prédio principal, com chances de complicação e contágio [por coronavírus] bem menores”, ressaltou Rosana de Melo.
De acordo com Melo, a capacidade máxima do hospital é para 342 internações. “O hospital lotado seria com 342 internações, e nós otimizamos para 411. Preparamos para uma situação de ‘guerra’, mas não seria o ideal [ocupar todos os leitos]”, pontuou. O número de profissionais deslocados para o hospital de campanha dependerá da demanda de internações, segundo a diretora-presidente. “Embora o hospital tenha a capacidade de 144 leitos, nós queremos abrir no máximo 24, e só então [após o começo dos trabalhos na unidade] nós vamos deslocar o nosso quantitativo de profissionais do hospital”, ressaltou Melo.
Capital preocupada
Campo Grande possui 1.212 casos, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde). O município conta ainda 212 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde), e a taxa de ocupação já está em 64%, entre pacientes positivos para coronavírus e demais doenças. O município registra, 37 internações na rede pública, sendo 21 em leitos clínicos e 16 em UTI; são 32 internações na rede privada, sendo, 13 em leitos clínicos e 19 em leitos de UTI.
Cerca de 148 leitos em todo Mato Grosso do Sul já estão ocupados com pacientes de COVID-19. Para o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), José Mauro Filho, o aumento das taxas de internação e ocupação de leitos de UTI no município causa uma grande preocupação para a secretaria. “Em uma eventual ocupação total dos leitos do HRMS, toda a rede [de saúde] ficará sobrecarregada. As pessoas não estão mais acreditando nesse problema [coronavírus]”, frisou. (Colaborou Raiane Carneiro).
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(Texto: Moreira Moreira/ publicado no site por Karine Alencar)