Economia do Brasil encolhe 1,5% no primeiro trimestre

A economia do Brasil iniciou 2020 com a mais forte retração desde 2015, ainda nos primeiros sinais dos impactos das restrições principalmente sobre os gastos das famílias, devido às medidas para conter a disseminação do coronavírus, com o cenário apontando uma recessão histórica.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro contraiu 1,5% no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É a primeira vez que a economia apresenta queda na base trimestral desde o recuo de 0,1% do quarto trimestre de 2018. O declínio do primeiro trimestre de 2020 é o mais forte desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%).

O resultado mostra a forte deterioração da atividade depois de um aumento de 0,4% no quarto trimestre de 2019, em dado revisado pelo IBGE de alta de 0,5% informada anteriormente, quebrando sequência de quatro trimestres positivos e ampliando a pressão sobre o governo Jair Bolsonaro.

Depois de um ritmo fraco no ano passado, com crescimento de 1,1%, qualquer expectativa positiva que existisse no início de 2020 caiu por terra com o início da pandemia de coronavírus, que deve pesar ainda mais no segundo trimestre.

A epidemia, cujos efeitos não foram sentidos totalmente no primeiro trimestre, obrigou o fechamento de empresas e negócios e levou pessoas a ficarem confinadas em casa, e já causou quase 27 mil mortes no Brasil.

As consequências do vírus também prejudicam as cadeias de suprimento, já que abalam o mundo todo, e tem sido um dos motivos, entre outros, da expressiva alta de 35,5% do dólar ante o real neste ano.

Gastos

Os dados do IBGE mostram que, do lado das despesas, as Despesas das Famílias recuaram 2,0%, maior perda desde a crise de energia elétrica em 2001, exercendo grande influência sobre o resultado do trimestre já que têm peso de 65% no PIB. As Despesas do governo tiveram avanço de apenas 0,2%.

“Sem renda e emprego, o poder de consumo na mão das pessoas diminui e isso tem peso no PIB”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Por outro lado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, teve desempenho destacado com alta de 3,1% sobre os três meses anteriores, puxado por importação líquida de máquinas e equipamentos pelo setor de petróleo e gás.

Isso ajuda a explicar também o aumento de 2,8% das Importações no período, enquanto as Exportações caíram 0,9%.

Do lado da produção, a Agropecuária foi o único setor com sinal positivo, ao expandir 0,6% no primeiro trimestre. Já as atividades de Indústria e Serviços contraíram respectivamente 1,4% e 1,6%.

A retração da economia no primeiro trimestre teve como principal influências as perdas no setor de serviços, que, segundo o IBGE, representa 74% do PIB, em meio às medidas de isolamento social.

Nesse setor, a categoria outros serviços recuou 4,6%, enquanto Transporte, armazenagem e correio teve queda de 2,4%, Informação e comunicação recuou 1,9% e Comércio perdeu 0,8%.

“Serviços são os mais afetados, e é como na China e outros países do mundo. No distanciamento essas são as atividades paralisadas mais rapidamente, e isso afeta a despesa de consumo das famílias”, disse Palis.

(Texto: Reuters)

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