Casos sem sintomas, leves e graves: diferentes evoluções do coronavírus

Você deve ter ouvido que o coronavírus não afeta igualmente todas as pessoas. Mas então quais são as possíveis evoluções da Covid-19 e seus respectivos sintomas? O médico francês Ramy Rahmé, pós-doutorando da Universidade de Paris, aproveitou o confinamento ao qual está submetido em Nova York para criar um gráfico, corroborado por vários estudos, que resume as principais formas de manifestação da doença por trás dessa pandemia.

O material, que viralizou nas redes sociais de profissionais de saúde, reforça que a maioria dos infectados é assintomática ou apresenta sinais de leves a moderados, que não exigem internação. Por outro lado, indica que a mortalidade em casos críticos, que exigem UTI e ventilação, chega a 50% em alguns locais.

Os dados disponíveis sobre o novo coronavírus são atualizados constantemente, até porque conhecemos esse inimigo da saúde há pouco tempo. Além disso, situações de cada país interferem na mortalidade da doença. Conversamos com a médica infectologista e professora do curso de medicina da Uniderp, Iris Bucker Froes, para entender melhor as diferentes evoluções do problema.

Os casos assintomáticos de coronavírus

Os chamados pacientes assintomáticos são aqueles que estão infectados pelo vírus, mas não apresentam sintomas, ou seja, o paciente não sente nada de diferente. “Essa situação é bastante comum em crianças. Uma das preocupações é que alguns estudos apontam que esses pacientes conseguiriam transmitir o vírus”, explica a médica.

As pessoas infectadas que andam por aí sem sequer tossir ou espirrar são capazes de transmitir a doença por até 14 dias após o contágio. Porém, em uma intensidade 50% menor do que os sintomáticos.

Casos leves e moderados

De acordo com a médica, os caos leves e moderados englobam a maior parte dos casos de Covid-19. Apresentam febre, tosse seca, dor de cabeça, cansaço e leve dificuldade para respirar.

“Os casos moderados, além dos sintomas citados, o paciente apresenta um comprometimento dos pulmões que chamamos de pneumonia, mas que não requer internação hospitalar. O paciente apresenta um estado geral bom e não tem falta de ar ou dificuldade para respirar. Esses casos podem ficar em casa, em uso de medicamentos para febre e dores, sendo orientados a buscar o sistema de saúde caso percebam piora. Interessante frisar que cerca de 2 a 3 dias antes de apresentar os sintomas, esses pacientes são capazes de transmitir o vírus”, revela a infectologista.

Casos graves e críticos do coronavírus

Os casos graves e críticos são aqueles em que o paciente apresenta os sintomas dos casos moderados, mas já sente falta de ar ou dificuldade para respirar. Esses casos precisam de hospitalização.

“Os pacientes críticos deverão ser tratados em leitos de CTI. Pacientes com doenças de base que descompensaram devido a Covid-19 também são considerados graves, mesmo se não apresentarem falta de ar. Por exemplo, uma pessoa que tem insuficiência cardíaca que está bem controlada com uso de medicamentos, mas com a infecção pelo coronavírus começa a piorar a função de seu coração. Estes também deverão ser hospitalizados”, afirma a especialista.

Diferença entre ‘área de transmissão local’ e ‘área de transmissão comunitária’

A transmissão local, pode-se ter um certo ‘controle’ da epidemia. De acordo com a médica, é possível saber exatamente quais são os pacientes e as possíveis pessoas que poderão se infectar. “Essa era a situação no início da epidemia em nosso estado, em que os viajantes vindos da Europa chegavam doentes, eram diagnosticados, e as pessoas que tiveram contato com eles eram os próximos casos”, expõe.

Na transmissão comunitária um paciente que não viajou, não entrou em contato com nenhum caso de Covid-19 é diagnosticado com a doença. Ou seja, não se consegue descobrir de quem ele pegou o vírus. “Nesse ponto é impossível se ter um controle da epidemia, pois qualquer um pode estar infectado, mesmo sem sintomas. Pode-se dizer que é mais fácil se contaminar nesse estágio, pois todos são prováveis fontes do vírus. E é nesse estágio que o isolamento social é imprescindível”, aponta.

Estudos dizem que a velocidade da epidemia se reduzirá quando mais de 50% da população se infectar. Então, por que postergar isso fazendo com que a população fique em casa? Se muitas pessoas ficarem doentes ao mesmo tempo, não haverá leitos hospitalares suficientes para atender a todos. É o que tem acontecido no Amazonas, por exemplo. O isolamento social impacta na saúde mental das pessoas e na economia, mas é uma maneira de se tentar poupar vidas dando ao sistema de saúde, condições de atender todos os que precisam.

(Texto: Bruna Marques)

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