“Entre Realidades” é opção caseira para curtir um bom filme

Toda a quinta-feira o caderno de Arte e Lazer tem como compromisso trazer para o leitor as principais estreias da semana nos cinemas da Capital. O funcionamento das salas de cinema foi influenciado pela pandemia do coronavírus e das medidas sanitárias que proíbem aglomerações com mais de cem pessoas, e com isso não teremos as estreias da telona. Nosso compromisso em promover a cultura através da arte e do lazer, mesmo que em tempos difíceis continua. Todas as quintas-feiras divulgaremos as estreias das plataformas de streaming. Sabendo da necessidade dos leitores permanecerem em casa daremos dicas de filmes produzidos pela Netflix, Amazon Prime entre outras plataformas.

A dica da semana é o filme “Entre Realidades”, O longa acompanha Sarah (Alison Brie), uma jovem sonhadora e socialmente desajeitada, que é apaixonada por artes e artesanato, cavalos e crimes sobrenaturais, ela percebe que seus sonhos estão cada vez mais lúcidos e passa a se perguntar o que seria realidade e o que seria ilusão. Brincando com teorias da conspiração, ações sobrenaturais e com as condições humanas, o filme acompanha a jornada de Sarah em busca da verdade.

Além de Brie, outros nomes famosos compõem o elenco do filme. Entre os principais destaques está a estrela da série da Netflix, “Insatiable”, Debby Ryan, que interpreta a roommate da protagonista, completam o time principal Paul Reiser, de “Stranger Things” e Molly Shannon, do programa “Saturday Night Live”.

O roteiro coescrito pela própria Brie e o diretor, Jeff Baena, passeia entre diversos gêneros (de comédia dramática, romance até ficção científica) para, só então, adentrar no gênero drama de uma forma tão sutil quanto profunda. Desde que o suspense estreou no catálogo da Netflix no dia 7 de fevereiro, muita gente já assistiu e as reações “bugaram” a cabeça das pessoas.

Sarah é sonâmbula e perambula pela sua casa quase todas as noites, assustando sua colega de quarto (Debby Ryan) com paredes que amanhecem rachadas e a sala desorganizada. As coisas parecem piorar quando os esquisitos sonhos da protagonista começam a invadir a vida real. No trabalho, Sarah acaba reconhecendo um homem (John Ortiz) que havia visto apenas em seu inconsciente. Confusa, ela começa a questionar a própria realidade e nos leva a uma estranha e louca viagem psicológica. Para deixar a trama mais “viajadona”, Sarah encontra uma fotografia da avó que não conheceu e dada a incrível semelhança, começa a achar que fez parte de uma experiência de clonagem feita por seres de outro planeta.

Barbara Demerov, que escreve para o site especializado Adoro Cinema, deu um parecer interessante sobre a obra. “Definir Entre Realidades em uma única palavra é uma tarefa difícil, mas é justamente isso o que torna este filme tão interessante. Este não é um daqueles casos em que a falta de completo entendimento transforma a experiência cinematográfica numa grande incógnita; afinal, a atuação de Alison Brie como a jovem Sarah é uma mistura de narradora não confiável com uma protagonista extremamente cativante e vívida, que nos transporta para seu mundo particular sem delongas. E também sem muitas explicações.”

E Barbara vai além.“O Entre Realidades é um filme sobre invasão alienígena, experimentos com humanos e a certeza de que existem diversas linhas do tempo existindo ao mesmo tempo em nossas vidas. E está tudo bem enxergar a história de uma forma ou de outra, porque a provável intenção da dupla de roteiristas seja a de mostrar as duas visões (a da protagonista e a de quem vê a história com certa distância) de uma forma natural, sem uma anulando a outra. A fotografia sempre colorida e a direção de arte que contorna bem os momentos em que tudo parece real ou irreal são dois pontos altos, mas o maior deles é a já citada atuação de Brie.”

Miguel Morales do site Arroba Nerd reagiu bem ao filme e chamou a atenção para a questão da saúde mental e pela forma como a produção navega nessas realidades tão adversas. “Se Entre Realidades ao mesmo tempo que explica a condição clínica da jovem, mostra que para a pessoa vivendo nesse quadro psicótico as coisas podem ser reais para essa realidade criada na mente dela, não que efetivamente são reais para uma mente sã. Assim, todas as visões, a questão envolvendo a semelhança com a avó, a colega de quarto duplicada (interpretadas pelas atrizes Debby Ryan e Dylan Gelula), e até mesmo a questão dos alienígenas que fazem experiências com os humanos são criadas pela mente de Sarah para justificar sua internação na clínica, mesmo que para ela isso signifique estar no campo aberto com seu cavalo na espera de um contato intergalático e não presa num cubículo numa instituição médica. No final, Entre Realidades navega entre as diversas realidades que Sarah escolheu para si, e é por conta dessa sutileza que o filme ganha mais pontos, e se destaca em sua proposta.”

A atuação de Alison Brie, de fato é impecável, o filme passa rápido diante do expectador e é o tipo de obra que nos deixa pensando. Em tempos de teoria de conspiração é bem atual. Particularmente vi um pouco de Donnie Darko e me deixei viajar nessa história. Entre Realidades está disponível no catálogo da Netflix e é uma boa pedida para quem quer se distrair em meio as adversidades pelas quais passamos no momento.

(Texto: Marcelo Rezende)

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