Bolsonaro diz que Poderes têm que se entender com o povo

O presidente Jair Bolsonaro defendeu as manifestações deste domingo (15), se juntou a uma multidão em frente ao Palácio do Planalto, mesmo com o pano de fundo do surto do coronavírus, e disse que um entendimento dos Poderes com o povo vai mudar o país, o que gerou reação dos líderes do Legislativo.

“Isso não tem preço, não existe satisfação maior para um ser humano, para um político, do que isso”, disse Bolsonaro, em referência ao apoio dos manifestantes, em uma transmissão ao vivo em rede social que durou mais de uma hora.

“Todos nós, políticos, chefes de Poderes, estamos no mesmo barco”, disse. “Tenho certeza, um entendimento nosso com o povo, não é entre nós não, é nosso com o povo, a gente muda o Brasil”, disse.

Bolsonaro classificou neste domingo os atos como um “movimento patriótico” e minimizou as críticas aos demais Poderes. “Não estão lutando contra Poder nenhum, estão lutando pelo Brasil”, disse. “Não é contra nada, é a favor do Brasil.”

Ao começar a transmissão ao vivo em frente ao Planalto, o presidente ainda disse: “com tudo contra, imprensa, vírus, recomendações, o povo foi às ruas”.

A expectativa era que o próprio presidente se resguardasse neste domingo. Após ser divulgado que o secretário de Comunicação de Presidência, Fabio Wajngarten, foi infectado com o coronavírus, Bolsonaro realizou um teste que teve resultado negativo. Mas Bolsonaro ainda deve passar por outro exame para confirmar que não está infectado devido ao tempo de encubação do vírus.

O repetido apoio do presidente às manifestações tem gerado descontentamento entre parlamentares e no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de Bolsonaro afirmar que os atos só visavam apoiar o governo ou o país, havia entre os manifestantes cartazes com duras críticas aos demais Poderes.

Em Brasília mesmo, em uma manifestação, uma faixa tinha os dizeres: “Contra os vírus do STF e do Congresso, álcool e fogo!”. No Rio de Janeiro, onde centenas de pessoas se reuniram na praia de Copacabana, também não faltaram ataques aos líderes do Congresso.

“Fora Alcolumbre, fora Rodrigo Maia, fora esses canalhas que acabam com o Brasil”, disse o manifestante Daniel Silva, com máscara e cartaz na mão, referindo-se ao presidente do Senado e Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

À noite, Maia e Alcolumbre, dois dos alvos dos protestos, reagiram à participação de Bolsonaro, especialmente em função da situação da pandemia do coronavírus, e pediram responsabilidade ao presidente.

“O mundo está passando por uma crise sem precedentes… Há um esforço global para conter o vírus e a crise”, disse Maia no Twitter. “Por aqui, o Presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas. Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo”, acrescentou.

(Texto: João Fernandes com Reuters)

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