Costureiros de escola de samba realizam fantasias e sonhos carnavalescos

Profissionais dão vida às fantasias e materializam os sonhos dos carnavalescos

Todas as fantasias que dão o colorido todo especial na avenida durante os desfiles das escolas de samba passaram pelas mãos dos costureiros. Na reta final, já na semana do carnaval, eles chegam a trabalhar quase que 24hrs por dia, param apenas para comer e ir ao banheiro.

Na escola de samba Catedráticos do Samba, tem uma costureira que hoje, inclusive, já é a presidente da agremiação, dona Marilene Pereira, de 60 anos, que tem 37 anos de escola e grande parte desse tempo como costureira.

Segundo ela, até hoje, quando as coisas apertam ele corre para ajudar na confecção das fantasias. “Hoje não costuro mais como no começo da escola, diminuiu um pouco depois que assumi a presidência, mais sempre que posso e a confecção precisa eu pega na costura”, assegura ela que foi casada com o fundador da escola. Mariline já perdeu as contas de quantas fantasias fez, ainda segundo ela no começo a escola tinha no máximo 100 integrantes, hoje já passa de 600.

“São 37 anos de dedicação a escola e hoje por desfile são mais de 600 integrantes entre as alas, que serão sete, comissão de frente, bateria, ala das baianas, ou seja, as fantasias para confeccionar e tudo é feito aqui no nosso barracão. Confeccionamos todas as roupas e mesmo que reaproveitando todo o material de outros carnavais, precisamos ir a São Paulo para comprar adereços e fantasias semiprontas”, revela.

E depois de todo o trabalho minucioso, detalhista, delicado porque além do corte e costura há um refinamento de uma fantasia que quer impactar os telespectadores na avenida, durante o desfile passa pela cabeça um filme de tudo. “É muito gratificante, trabalhamos, praticamente, um ano inteiro para mostrar o trabalho de união, porque todo mundo ajuda, Catedráticos do Samba é união como diz o samba enredo desse ano que é “Um Brasil de três raças”, um luta contra o preconceito”, ressaltou.

Deixa Falar

Francis Fabian, de 65 anos, é carnavalesco da escola de samba Deixa Falar, mas ele também é costureiro e há seis confecciona as fantasias ao vereador Valdir Gomes que tem um caso de amor com a carnaval há mais de 40 anos, inclusive, se tornou hors concours do carnaval em Campo Grande e em Corumbá, ou seja, já não concorre mais, apenas abre os desfiles. Para o carnaval desde ano, Fabian confeccinou duas fantasias, uma para Valdir sair na própria escola onde é carnavalesco e para a “concorrente” Vila Carvalho.

“A concorrência fica apenas para avenida e se você quer saber o Valdir apenas escolhe as cores da fantasia, o resto é comigo. Eu que começo a criar, a pensar em tudo, desenhar as fantasias em outubro. Depois eu corto, faço todo o início, bordo tudo, mas como tem costeiro, todo uma estrutura eu preciso, dependo de outros profissionais, ninguém faz sozinho”, declara e afirma também que muito dos materiais das fantasias são compradas no eixo Rio de Janeiro São Paulo.

Ainda conforme Fabian, nada das fantasias do Valdir é reaproveitável, por conta das cores, diferente da escola onde muitos materiais são reutilizados. “Na verdade nós precisamos reutilizar, a verba que recebemos é pequena e sem falar que é muita gente para vestir, mais de 500 integrantes. Então, por exemplo você tem uma pluma branca, quando ele começa a amarelar você pinta ela dê uma cor mais clara e vai pintando até chegar o preto que é a última cor, para ter uma noção o rabo de galo mesmo do branco sai R$ 3,4 mil o kg e um quilo não dá para fazer uma ala, então temos que nos virar”, garante.

A escola Deixar Falar, a mais nova de Campo Grande que completará nove anos em março, vai contra a história este ano de Renato Teixeira e o samba enrendo será “Tocando em frente, sou caipira pirapora”. E assim como as demais, está nesta última semana com mais de dez costureiras trabalhando das 7h até as 2h da madrugada. “Depois dessa correria, olhar no aquecimento e ver tudo pronto, preste a entrar na avenida, bate uma emoção muito forte, dá aquela vontade de chorar, mas você tem que segurar as lágrimas e se manter forte até o fim do desfile”, desabafa.

(Texto: Rafaela Alves)

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