Há 31 anos morria Salvador Dalí, o mestre do surrealismo

Salvador Dalí foi o gênio louco do surrealismo e morreu no dia 23 de janeiro de 1989, em Figueres, sua cidade natal na Espanha, aos 84 anos, em decorrência de uma insuficiência cardíaca. Sem sombra de dúvida, ele foi uma das figuras mais influentes da arte moderna. Com sua morte deixou um legado surpreendente que inclui não apenas suas pinturas surrealistas que lhe trouxeram fama, mas também esculturas, filmes, fotografias e muito mais.

Agitador cultural e mestre da autopromoção. Dalí era excêntrico desde criança e adorava ultrapassar os limites tanto em sua vida pessoal quanto profissional. Provou ser um rebelde desde o começo: Dalí foi expulso da escola de arte não uma, mas duas vezes. A verdade é que ele nunca se formou. Sua primeira expulsão aconteceu em 1923, por fazer parte em um protesto estudantil. Depois de voltar para a escola, ele enfrentou uma segunda expulsão pouco antes de seus exames finais em 1926.

Dalí não era usuário de drogas, porém sua arte surrealista e o comportamento excêntrico possam fazer com que as pessoas pensem de outra forma. O artista não usava substâncias químicas para alterar seu estado. Na verdade, uma vez ele declarou: “Eu não uso drogas, sou a droga”. Para estimular sua criatividade, no início da década de 1930, ele desenvolveu algo chamado de “método crítico paranoico”. Isso permitiu que ele acessasse seu subconsciente e foi uma grande contribuição para o movimento surrealista. Uma forma de manter-se em estado de sonho incluía encarar fixamente um objeto em particular até transformá-lo em outra forma, provocando uma espécie de alucinação.

Uma curiosidade interessante é que Walt Disney se aproximou de Dalí em 1945 para se juntar ao Disney Studio a fim de trabalhar em um filme de animação chamado “Destino” com uma trilha sonora do compositor mexicano Armando Dominguez. O artista havia desenhado 22 pinturas a óleo e pilhas de desenhos e ele e o lendário designer da Disney John Hench criaram storyboards para o filme. Mas apenas oito meses depois de terem começado, o projeto foi arquivado por razões financeiras, com apenas 15 segundos do filme completados. Em 1999, Roy E. Disney, sobrinho de Walt, decidiu reiniciar a produção. Os animadores do Walt Disney Studios Paris traduziram meticulosamente os storyboards originais de Dalí para criar um filme fiel à sua visão. O curta de 6 minutos foi lançado em 2003. O desenho pode ser encontrado no YouTube e vale muito a pena dar uma conferida.

Dalí desenhou até joias, incluindo um coração que batia. O “Coração Rea” é uma obra-prima deslumbrante feita de ouro 18k e coberto com 46 rubis, 42 diamantes, 2 esmeraldas e outras pedras preciosas. E essa não é a parte mais impressionante. Um mecanismo interno, parecido com o mecanismo de um relógio, faz o Coração Real bater como se fosse um coração humano vivo.

Ele era obcecado por Sigmund Freud. O movimento surrealista foi fortemente influenciado por Sigmund Freud, cuja obra estava apenas começando a ser traduzida para o francês pela primeira vez quando o movimento surgiu em Paris, em 1924. Dalí começou a ler Freud quando era jovem na escola de arte em Madri. As ideias sobre sonhos e o subconsciente tiveram um impacto profundo em seu trabalho.

Em 1929, Salvador Dalí dirigiu um filme, o “Chien Andalou”, em português “O Cão Andaluz”. Ele imaginou um cenário potencial para uma pintura e retrabalhou-a em um filme. Alguns elementos horríveis com um humor negro foram combinados para a realização desse curta-metragem, coproduzido com seu amigo Luís Buñuel. O gênio se foi, mas sua obra está eternizada nos museus e em coleções particulares.

(Texto: Marcelo Rezende)

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