Empresária de MS aposta em ‘momento da sustentabilidade’

Idealizadora de caixas inovadoras, Rose acredita em cenário ideal para produto criado em TCC

Lá se vão dez anos, desde a criação da ‘caixa flexível’, um nome comum para um projeto inovador, da publicitária Rose Medeiros, desenvolvido como trabalho final da graduação dela. Resultado de muita pesquisa, testes e da iniciativa de se valorizar um vetor muito debatido no final da segunda década desse século: a sustentabilidade.

“É uma caixa resistente, durável e muito prática, pois não precisa ser guardada com ela montada. De uma versão para 15 kg, desenvolvi posteriormente outras de capacidade de arquivo maior. Naquela época, ainda seria até pouco imaginável que o reinado das sacolinhas teria fim. Realmente, o mundo hoje tem uma preocupação maior pela sustentabilidade, o que me entusiasma quanto a mais apelo a esses produtos que desenvolvi”, destaca Rose, que tem a caixa diferenciada em patente registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).

“Fiz questão de cadastrar certinho o projeto, até porque aposto muito no potencial dessa caixa. Não apenas para empresas, a partir de customização, mas pela aceitação do público, em supermercados e também até como peça para decoração. Já apresentei para grandes empresas, que me pediram o desenho matriz, e não passo, simplesmente porque é algo autêntico. Até chegar no corte ideal foram noites sem dormir. E tem como oferece a custo acessível. Quanto custa a sacolinha? Quanto dura?”, explica a publicitária, que passou a ver o seu telefone tocar mais, em ligações sobre a ‘caixa flexível’, depois que cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo, além de Fortaleza, Salvador e Natal, decidiram abolir o plástico de canudinho e embalagens.

Onde o plástico é proibido no mundo

O planeta produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico nos últimos 65 anos, e apenas 9% foram recicladas. Preocupações com meio ambiente e a poluição dos mares impulsionam medidas em vários países, inclusive no Brasil.

À medida que o mundo lentamente desperta para a escala do problema da poluição plástica, um número crescente de países e cidades tem introduzido proibições de certos produtos. As medidas não apenas podem ajudar a impedir que plásticos poluam os ecossistemas marinhos, mas também enfrentam o mito de que podemos nos livrar do problema por meio da reciclagem.

Além do fato de que apenas 9% das 8,3 bilhões de toneladas de plástico produzidas entre 1950 e 2015 foram recicladas, muitos dos produtos plásticos fabricados atualmente não são realmente recicláveis.

A DW, emissora internacional da Alemanha, analisou algumas das proibições mais recentes ao redor do mundo – inclusive no Brasil – que podem ajudar a conter o fluxo de produção de lixo plástico.

União Europeia: plásticos descartáveis

Talheres, copos, pratos e cotonetes com hastes de plástico fazem parte de uma seleção de produtos plásticos descartáveis que serão proibidos na União Europeia (UE), segundo decisão tomada em março pelo Parlamento Europeu.

A ser totalmente implementado em 2021, o veto visa “combater o lixo marinho proveniente de dez produtos plásticos de uso único mais encontrados nas praias europeias”.

Em junho, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apontou que 70 mil toneladas de lixo plástico acabam no Mar Mediterrâneo anualmente – o equivalente a despejar 33.800 garrafas plásticas no mar a cada minuto.

Parte de uma estratégia da UE sobre o plástico que visa garantir que todas as embalagens plásticas sejam reutilizáveis ou recicláveis até 2030, a nova proibição de produtos descartáveis não abrange sacolas ou garrafas plásticas. No entanto, o bloco afirmou que pretende tratar a questão das garrafas separadamente, além de coletar e reciclar 90% delas na próxima década.

A União Europeia é o maior exportador de lixo plástico do mundo. Se considerado só um país, os Estados Unidos ficam com o posto de maior exportador de dejetos plásticos globalmente.

Em 2017, a Alemanha enviou mais de 340 mil toneladas de lixo plástico para a China. Como Pequim fechou as portas para o lixo plástico do Ocidente com uma legislação mais rígida no começo de 2018, outros países asiáticos se tornaram alvo para os carregamentos, especialmente Malásia, Indonésia e Filipinas.

Brasil: proibição de canudos e sacolas plásticas

O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo – atrás apenas de EUA, China e Índia. Por ano o país gera 11,3 milhões de toneladas – número três vezes maior que sua produção de café, por exemplo. Para combater essa tendência, algumas cidades decretaram leis que proíbem canudos e outros plásticos descartáveis.

Nesta semana, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sancionou um projeto de lei que prevê a proibição de fornecimento de canudos plásticos em estabelecimentos comerciais da cidade: hotéis, restaurantes, bares, padarias, danceterias ou eventos musicais.

A medida segue o exemplo de outras cidades como Fortaleza, Salvador e Santos, além de todo o estado do Rio Grande do Norte. O Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a banir canudos plásticos.

Também no Rio, mas em todo o estado, começou a valer nesta semana uma nova lei que proíbe supermercados de oferecer sacolas plásticas a seus clientes. Os estabelecimentos foram obrigados a substituí-las por itens similares feitos de materiais renováveis. O estado do Rio espera reduzir em até 3 bilhões por ano o número de sacolas plásticas em circulação.

(Texto: Danilo Galvão e Izabela Cavalcanti, com informações da Deutsche Welle/DW)

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