Preço da carne bovina tende ao equilíbrio, diz ministra

O aumento ocorreu por uma série de fatores, mas o mercado, que vem sendo monitorado pelo Mapa, deverá se ajustar em breve. A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) participou na última terça-feira (3) da abertura da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina.

A ministra destacou que o setor passa por um momento de transição, que está sendo monitorado pelo Mapa, e que o mercado já sinaliza uma redução no preço da arroba do boi. Tereza Cristina ressaltou que o preço da carne, elevado por diversos fatores, deve se normalizar em breve para o consumidor.

“Quero tranquilizar todos vocês [consumidores]. Tivemos uma conjuntura momentânea de seca, falta de pasto e abertura de mercados, mas agora o preço da carne deve se estabilizar. O Ministério da Agricultura não influencia, isso é mercado. Estamos acompanhando de perto o que está acontecendo”, disse.

Em Campo Grande, por exemplo, o produto ficou até 50% mais caro, um salto repentino, justo no período de mais procura pelo produto dado as festas de fim de ano. O quilo da picanha pode ser comprado por até R$ 70 na cidade. Mato Grosso do Sul é o quarto estado do país se comparado os dados da exportação da carne. Aqui os pecuaristas criam em torno de 20 milhões de cabeça de gado. O Brasil tem hoje um rebanho total de 215 milhões de cabeças.

A ministra garantiu que não há risco de falta de proteína animal no país, já que somente 25% da produção são destinados à exportação. “Posso garantir a vocês que não haverá falta de proteína, carne de bovinos, aves e suínos. Vamos aguardar esse momento. Podem ter certeza que vamos continuar a ter o melhor produto nas nossas mesas, nos nossos supermercados. E ainda podemos mandar para o resto do mundo”, afirmou.

Na reunião da câmara setorial, Tereza Cristina disse também que o setor tem grandes oportunidades para ampliar os negócios. “Uma oportunidade enorme para que se torne ainda maior. Isso vai depender muito dos nossos diálogos, da transversalidade entre todos que compõem essa Câmara para que a gente dê segurança aos consumidores”. Instalada desde 2003, a câmara setorial é formada por integrantes de 42 instituições.

Entrevista – Na véspera da reunião da Câmara Setorial, a ministra concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado, quando detalhou a atual situação do setor. “Agora, o preço tende a se equilibrar. Um pouquinho mais, um pouquinho menos. Então, eu acho que não dá para gente olhar esse momento e dizer alguma coisa sobre esse mercado. O que eu posso dizer é o seguinte: os fundamentos estão aí”, destacou, reafirmando que apenas parte da produção de carnes é vendida para outros países e que o Brasil tem rebanho suficiente para abastecer o mercado interno e exportar.

Questionada sobre o tempo necessário para a estabilização do preço, a ministra informou que não há como prever uma data exata, pois o ajuste será feito pelo próprio mercado, sem interferência do Mapa ou outras instâncias do governo. “É mercado. É oferta e procura. Então, houve uma procura maior e uma oferta que, nesse momento, ficou aquém da demanda. Tem que esperar esse ajuste, que vai acontecer. Agora, como Ministério da Agricultura, não sei se isso vai acontecer hoje, amanhã ou no mês de janeiro”.

O encarecimento no preço da carne ocorreu, segundo a ministra, por uma série de razões. “Vários fatores que culminaram ao mesmo tempo: seca prolongada, fim dos confinamentos, preço da arroba represado por dois, três anos”, enumerou.

Tereza Cristina destacou ainda o impacto, não só no Brasil, mas em outros exportadores de proteína animal, da peste suína africana sobre os rebanhos da China. “Isso modificou o mercado global de carnes. Eles [chineses] tiveram perdas significativas no rebanho suíno e agora têm de fazer a substituição dessas proteínas, com carnes suínas de outras partes do mundo, que é a principal carne deles, e aves e bovinas”. Por fim, a ministra lembrou que o preço da carne bovina também subiu na Argentina e no Uruguai. (João Fernandes com assessoria)

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