Os maiores danos foram registrados na fauna e flora, além de ter informativos de residências queimadas
As queimadas na região pantaneira atingiram cerca de 122 mil hectares de vegetação, o que equivale ao tamanho territorial de Campo Grande. O incêndio, que já dura 11 dias e gerou graves danos a fauna e flora, começou em uma fazenda, no Passo do Lontra, no dia 26 de outubro, e tomou grandes proporções, sendo considerado pela Defesa Civil Estadual como um dos maiores da história do Pantanal.
Segundo informações do Tenente Coronel e coordenador da Defesa Civil, Fábio Catarineli, a linha de fogo está avançando rápido e já chegou a mais de 50 quilômetros, se alastrando por toda região. “A gente está com um operacional bom, mas as queimadas tomaram grandes proporções. Além dessa área, também tem outras com focos de incêndios, a fronteira de Forte Coimbra, por exemplo, é uma delas. Estamos trabalhando para que todos essas chamas sejam combatidas, para que a situação não piore”, explica.
Conforme o coordenador, o efetivo operacional conta com mais de 100 pessoas empenhadas no combate as chamas, incluindo Bombeiros, Brigadistas do PrevFogo e funcionários de algumas fazendas na região. As aeronaves vindas de Brasília já estão no Estado e aguardam a ordem de serviço para começarem a trabalhar.
“O fogo está se alastrando bem rápido, mas as condições climáticas contribuem muito para isso. A vegetação está seca, a umidade do ar está baixíssima, o calor forte potencializa as queimadas, além dos ventos fortes, que é a principal causa da propagação desse incêndio. Essas queimadas já é considerada como uma das maiores já registradas no Pantanal, pois o comparativo de área queimada equivale a cidade do Rio de Janeiro”, afirma Catarineli.
Os problemas com abastecimento de água, rede elétrica e cabeamento de internet foram solucionados parcialmente, em iniciativa das concessionárias responsáveis que trabalham para que tudo volte ao normal. Desde início das queimadas, a cidade de Corumbá ficou “ilhada” por quase sete dias, sem acesso à internet e telefone. Em alguns pontos houve a falta de energia e água.
Consequências para o turismo
A fauna e a flora pantaneira é um dos pontos mais atingidos durante as queimadas, fazendo com que animais silvestres fujam do habitat e busquem refúgio próximo aos perímetros urbanos. Esse é um dos pontos ressaltados pela gerente de Marketing, Poliana Thomé, que trabalha no hotel fazenda Barra Mansa, localizado dentro do Pantanal.
Na visão dela, os turistas se hospedam no local pra ter mais contato com a natureza e como os bichos estão fugindo do fogo, estão buscando refúgio pelas dependências do local. “Os turistas buscam mais contato com a natureza, por agora, os hóspedes estão conseguindo ver muitos animais, como onça e tudo mais. Em torno do hotel, tem, pelo menos, três focos de incêndio, então os bichos daquela região fogem para os lugares onde o fogo ainda não conseguir queimar. Digo que nessa parte tem um lado triste, porém, pra nós do turismo, que estamos lidando com essa situação, temos que tirar vantagens e conseguimos mostrar aos nossos clientes que o passeio deles não está perdido”, conta.
Poliana pontua que trabalha no local há 16 anos e nunca viu um incêndio dessa proporção na região pantaneira e se mostra indignada com diversas questões, pois quem mora pela área sente na pele o que está acontecendo por ali. “A gente sente no ar, é muita fumaça, o calor então nem se compara. Isso sempre teve, porém esse ano a situação passou do limite. Nós estamos monitorando as áreas via satélite, mas desde que começou vamos dormir com a consciência do risco eminente, de qualquer momento as chamas atingirem a propriedade. Estamos tensos e, se chegar até aqui, teremos que fechar”, explica Thomé.
Apesar de tentar manter o negócio turístico com a presença dos animais, conforme a gerente, houve perda de reservas pela associação do hotel com o Refúgio Caiman, que fechou após ter cerca de 50 mil hectares queimados em agosto desse ano. Apesar da situação preocupante das queimadas no Pantanal, o Festival América do Sul está mantido.
Box
Conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), há previsões de chuvas fortes na região pantaneira a partir de quarta-feira (6), podendo ter uma leve queda nas temperaturas e que podem amenizar as queimadas no Pantanal.
(Texto: Graziella Almeida)