Céu escuro e névoa seca são reflexos de queimadas pelo país

Existe uma relação das queimadas na Amazônia com os episódios de névoa seca e fumaça em Mato Grosso do Sul, segundo o meteorologista Natálio Abrahão. “O que temos após as análises feitas nas imagens de satélite é que, atipicamente, os elevados índices que estão ocorrendo nestes últimos dois meses interferem nas condições meteorológicas aqui no Estado”, disse o especialista. Mesmo com um período tipicamente seco como o inverno, o Estado agora sofre com o que vem de fora.

O Estado tem como característica a estiagem e a variação climática muito intensa. “Há fortes indícios da presença de material particulado trazido desde as queimadas de Mato Grosso, Tocantins, Amazonas e Bolívia, que estão atingindo municípios do Estado. Com as atuais condições de tempo, que precedem um clima seco e sem chuva. A umidade baixa e estiagem continuam e ainda devem ocorrer em outros locais do centro-norte e nordeste de MS, complementou Natálio.

Para o feriado do dia 26, a probabilidade de mudanças é muito baixa e com poucas chances de chuva. Esses MPS (Metros Por Segundo), que é a medida utilizada para calcular a quantidade de espaço percorrido pelo vento, estão associados ao fluxo de ventos da Amazônia, chegando à Região Sudeste do Brasil e passando por Mato Grosso do Sul. Isso resulta em alterações na composição química da atmosfera, causando o escurecimento do local e encobrindo os raios solares.

Quanto à umidade relativa do ar, as queimadas não influenciam nessa variável, mas sim no estado da atmosfera que fica mais escurecido, reduzindo a transparência e encobrindo os raios de sol. Isso tudo deixa aquele aspecto vermelho no sol. Além disso, também escurece o céu, como aconteceu na cidade de São Paulo. Esse fenômeno também ocorreu em Miranda, cidade que fica a 208 km de Campo Grande. O que interfere na umidade baixa é a massa de ar seco.

O tenente-coronel Moreira, do Corpo de Bombeiros da Capital, explicou melhor alguns indicadores que facilitam a propagação de focos de queimadas. “Alguns fatores influenciam diretamente nos incêndios, como ventos de 30 km/h, temperaturas acima de 30ºC e umidade relativa do ar abaixo de 40%. O inverno no Estado não é considerado frio, mas o clima seco facilita a propagação dos focos de incêndio, tanto nas regiões de mata quanto na área urbana”, confirmou o coronel.

Para o início do mês de setembro, estão previstas chuvas que vão melhorar um pouco o clima seco. É importante frisar que a ação humana também influencia diretamente no número de queimadas, prática que é crime ambiental. (Thais Cintra)

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