Aumenta número de animais silvestres queimados e atropelado

Diariamente o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) da Capital recebe animais de todas as partes do Estado, que em sua maioria são recuperados ainda bebês logo após perderem suas mães em atropelamentos, ou em queimadas, que são muito frequentes agora na época de estiagem.

Atualmente, a unidade trata de mais de 200 ‘animaizíneos’, segundo o médico veterinário, Lucas Cazatti. Ele explica que o objetivo é sempre devolver o animal ao habitat, porém alguns deles já chegam ao centro muito debilitados. O amor pelo serviço é tanto que, às vezes, escorre pelos olhos quando um neném não resiste e vai para o céu dos bichinhos.

Cazatti relembra um dos animais que chegou até a unidade com graves ferimentos causados por queimaduras e que infelizmente não resistiu ao tratamento. “Tivemos uma aqui que eu não aguentei, eu chorei quando a perdemos, era uma anta que chegou aqui com os membros, braços e pernas totalmente queimados, era um animal de quase 300 quilos, e não conseguiu correr das chamas do fogo e apesar de tentar de tudo não conseguimos salvar, fizemos de tudo”, conta entristecido.

Entretanto, não dá para ficar muito triste em meio a tanta alegria. Próximo de onde conversávamos, filhotes de louro esgoelavam personalidade. Eles estão na reta final do tratamento para voltar para “casa”. “Estes vão ser soltos em breve, estão aqui há dois meses, e antes de ir para a natureza eles vão para o que chamamos de recinto de voo, um espaço onde precisam praticar e voar para se prepararem para o retorno”, explica.

Chameguenta, um filhote de raposa reconhece o veterinário pela voz e logo se derrete de amor. “Ela é muito tranquila, é algo impressionante, eu tenho uma filha bebe em casa e toda vez que eu chego perto ela sente, é como se tivesse respeito. Ela chegou aqui com fratura, a PMA quem trouxe, e tivemos que operar, reparar essa fratura. Acredito que até outubro ela já esteja pronta para voltar para a natureza”, afirma orgulhoso.

Há poucos metros da raposinha, vemos um gato palheiro, que tristemente está em extinção. O doutor afirma que viu apenas um até hoje. “Este gato eu só vi uma vez fora daqui, ele é muito ágil, tem uma capacidade de caça muito boa, ele vai de um canto ao outro com muita rapidez”, destaca logo antes de pausar a fala após ouvir uma onça rugindo.

“O maior índice de chegada destes animais se dá pelo atropelamento da mãe, tivemos casos onde as pessoas nos ligaram pedindo auxílio porque a mãe do animal já estava morta e mesmo assim os filhotes permaneciam agarrados nela”, lamentou.
Orientação

“A primeira coisa a se fazer quando encontrar um animal ferido é, em hipótese alguma, a mexer nele. As pessoas não tem conhecimento de captura, já tivemos caso onde a pessoa encontrou uma capivara e por não saber como lidar com ela quase ficou sem o dedo. Então, veja se o animal está quieto, obviamente ele está com dor, então não se deve pôr a mão. É importante que acionem a PMA, o mais rápido possível”, orienta o veterinário. (Michelly Perez)

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