Editorial

Os vilões da estrada

A decisão do presidente Bolsonaro em proibir o uso de todo tipo de radar móvel para o controle de velocidade nas estradas, coincidindo com uma série de outras medidas que igualmente restringem a fiscalização eletrônica, como a suspensão de compra de novos equipamentos, anima todos os que veem nessa prática a ponta mais evidente da “indústria da multa”.

Claro que se trata de uma posição nascida na campanha eleitoral e, diante do forte impacto popular, dificilmente deixaria de ser tomada. E teria de ser tomada assim: sem maiores discussões, sem chances para revisão e com grande estridência.

Não é assunto para especialistas e tampouco tem em conta questões centrais como a relação custo-benefício para a gestão, ou o aumento ou a redução do índice de acidentes e do número de vítimas. “Satanizados” pelo senso comum, os radares em geral, e especialmente os móveis, tornaram-se os grandes vilões da estrada. São vilões também nas cidades, onde não faltam os porta-vozes do combate às multas sob todas as formas.

E não demora o tempo em que tudo isso terá de ser revisto. A realidade vai se impor de forma a revelar, afinal, se os acidentes diminuem sem os radares, como dizem uns, ou se, a rigor, multados são apenas os que transgridem, como lembram outros.

Por enquanto, antes do debate mais conclusivo, impera a orientação ditada pelo presidente Bolsonaro, nascida e criada na sua campanha eleitoral, resgatada como compromisso cumprido, apesar de todas as resistências que já surgiram aqui e alhures.

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