Consumo de carne sobe, mas couro entra em desastre iminente

Uma substituição está provocando uma reação em cadeia na produção do couro nos Estados Unidos. Antes um artigo essencial da moda com sinônimo de qualidade e durabilidade no mundo todo, este mercado está fechando as portas enquanto a carne bovina está sendo consumida em abundância. Com pilhas de 45 quilos de couro de vaca que se acumulam em todo o país, não utilizadas e não vendidas, os fabricantes de couro alertam para um desastre comercial iminente. O couro representa frequentemente 50% do valor dos subprodutos do animal, e os subprodutos podem responder por 10% do valor de um boi ou mais. O preço do couro de vaca, de qualidade inferior ao do boi, caiu para apenas 5% do valor de todos os subprodutos – vale menos do que as línguas e a carne da bochecha. Não representa nem 1% do valor de uma vaca viva.

Voltando para 2014, quando os preços disparavam depois que uma seca encolheu o rebanho norte-americano para o menor nível em seis décadas. O preço do couro foi às alturas, obrigando designers de calçados e roupas a eliminar o material de seus produtos. Combine isso com a ascensão do chamado athleisure, um estilo despojado, e a crescente popularidade das roupas “veganas” e é possível entender por que a demanda não voltou.

O couro do gado, é subproduto obrigatório do consumo de carne e laticínios. Ele vai existir enquanto os norte-americanos gostarem de hambúrgueres, bifes e sorvetes. E, embora os laticínios tenham sido pressionados pela queda na demanda por leite e pelas alternativas aos produtos lácteos, a ascensão dos substitutos da carne ainda não afetou a demanda pelo produto real. No entanto, o mercado vive de demanda e se o estoque é muito maior que a demanda não parece have solução para esta nova crise.

Consome-me se mais carne nos Estados Unidos e, portanto, gera-se mais seu subproduto, o couro que só acumula. Consumidores que antes cobiçavam jaquetas de couro e sapatos, agora preferem alternativas sintéticas mais baratas, refletindo uma crescente ambivalência em relação a esse antigo produto básico dos armários nos EUA. O reflexo mundial disso é o abandono do couro, das roupas aos assentos de carros. O couro começa a ir para os aterros, enquanto os processadores de couro de menor porte estão fechando as portas.

“Há couro sem valor”, disse Joe Brannan, gerente de vendas de exportação da Twin City Hide, um processador com sede em South St. Paul, Minnesota. “Estamos jogando um produto natural no lixo.”

(Rafael Belo com UOL)

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