A trajetória de um diplomata para virar Embaixador

Ney Iared Reynaldo

Caros leitores, diante de toda a celeuma criada em torno de quem deva ou não ocupar o importante cargo de Embaixador do Brasil nos EUA, carece esclarecer que tal escolha vai além de critérios pessoais e políticos. Na realidade, constitui um desrespeito as nossas instituições, um insulto à cultura e a inteligência nacional. Haja vista que possuímos certamente a melhor formação de pessoal qualificado para ocupar essa Representação. Sabemos que as mudanças nas relações internacionais ocorrem continuamente de forma acelerada. O emprego de novas tecnologias e cooperação internacional entre povos e países no século XXI demanda capacidade, inteligência, habilidade e competência.

O Brasil trás em sua origem (colonial e pós) forte tradição histórica e diplomática que preservou inclusive nossa integridade territorial, importante legado que resiste até hoje. Cuja autoridade e autonomia se apoiam nos pilares da democracia, da liberdade e da justiça, sempre de acordo com os princípios soberanos da sociedade brasileira, alerta aos interesses nacionais e na esfera global. Dessa forma, o Itamaraty representa todo esse legado herdado e constitui num órgão legitimo em sua missão ao ordenamento futuro das relações internacionais. O mesmo tem tradição no exercício do bem público. José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, é o patrono da diplomacia brasileira, legou-nos um padrão de excelência que se deve respeitar, reconhecer e manter.

Atualmente, suas competências sucedem-se reuniões de Chefes de Estado e de Governo, congressos de parlamentares, encontros empresariais, seminários técnicos, conferências de organizações não governamentais, numa indicação clara de que os temas internacionais interessam crescentemente um número maior de representantes da sociedade. Assim, o diplomata no exercício de suas funções de defender os interesses do Brasil no exterior e de contribuir para o entendimento entre os países, tem que ter habilidade de estreitar a coordenação também com a sociedade da qual provém. Essa noção de diplomacia pública, que orienta as atividades do Itamaraty, constitui a principal fonte de renovação e, ao mesmo tempo, de legitimidade da carreira diplomática.

Portanto, para ser diplomata exige aprovação em Concurso de Admissão do Instituto Rio Branco (IRBR), assim, o profissional inicia na carreira diplomática como Terceiro-Secretário. Os cargos seguintes na carreira são: Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador). O treinamento durante a carreira é intenso e contínuo, pois o diplomata tem de ser capaz, entre outros, de bem representar o Brasil perante a comunidade de nações; colher as informações necessárias à formulação de nossa política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil; assistir as missões no exterior de setores do governo e da sociedade; proteger os interesses de seus compatriotas; e promover a cultura e os valores de nosso povo.

Tendo sempre como ponto de referência os interesses do país de uma série de temas, que vão desde paz e segurança, normas de comércio e relações econômicas e financeiras até direitos humanos, meio ambientes, tráfico ilícito de drogas, fluxos migratórios, passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus múltiplos parceiros externos. A importância do Ministério das Relações Exteriores constitui no principal órgão do governo encarregado de auxiliar o Presidente da República na formulação da política externa brasileira, tornando-a clara, objetiva e sempre voltada para manter a boa convivência relações com governos vizinhos e estrangeiros, seja de ordem bilateral da diplomacia e/ou com organismos internacionais, no âmbito da multilateralidade.

Creio que aqui faz necessário, ainda destacar as funções principais delegadas ao Itamaraty, como: colher as informações necessárias à formulação e execução da política exterior do Brasil; dar execução às diretrizes de política externa estabelecida pela Presidência da República; representar o governo no exterior; negociar e celebrar tratados, acordos e demais atos internacionais; organizar, instruir e participar de missões especiais em conferências e reuniões internacionais; proteger cidadãos brasileiros no exterior; promover os produtos nacionais em outros mercados; e tratar da promoção cultural do Brasil no exterior.

Portanto, é justo após essa exposição ignorar a trajetória acadêmica do diplomata brasileiro indicando simplesmente, alguém desqualificado, despreparado e sem formação especifica para o exercício de Embaixador considerando sua magnitude e responsabilidade, inclusive atropelando as orientações formuladas pelo próprio Instituto Rio Branco, com mais de um século de existência, ou seja, somente este tem a competência para qualificar quem deva ou não de fato Ser indicado futuro Embaixador do Brasil nos EUA, pela sua história e compromisso com a orientação da diplomacia brasileira. Convido a todos refletir!

* Doutor em História da América Latina, docente Associado de História e Ciências Econômicas, da Universidade Federal de Mato Grosso.

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